Temor com juro alto nos EUA reacende após dado de emprego e Ibovespa cai a 111 mil pontos

A moderada tranquilidade externa vista mais cedo durou pouco e o temor com juros altos nos Estados Unidos por mais tempo do que o imaginado voltou a vigorar, após a divulgação do payroll, relatório de emprego norte-americano, nesta sexta-feira, 6. Neste cenário, o Ibovespa cai para a faixa dos 111 mil pontos, depois de fechar na marca dos 113 mil pontos por três pregões seguidos. Com isso, acentua a desvalorização semanal para quase 4,00%, depois de subir 0,48% na anterior.

O relatório de emprego dos EUA mostrou a criação de 336 mil vagas de emprego em setembro, ante mediana das estimativa de geração de 175 mil postos de trabalho. Já a taxa de desemprego foi mantida em 3,8% (mediana: 3,7%). O salário médio por hora subiu 0,21% na margem e 4,15% ante setembro de 2022 (mediana mensal de 0,3% e anual de 4,3%). Ou seja, opor ora, os dados sugerem que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) terá de manter os juros altos por mais tempo.

"O payroll veio muito forte e o mercado já eleva chance de o Fed subir os juros em 25bps em novembro", diz Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos.

De acordo com Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, os números fortes do relatório de emprego dos EUA mostram que trabalho do país segue "resiliente e aquecido". Isso "impõe desafio adicional do Fed na condução da política monetária, afirma Serra.

As bolsas norte-americanas caem e as europeias reduziram as altas após a divulgação do payroll, enquanto os rendimentos dos treasuries avançavam com força, renovando máximas, corroborando as preocupações dos investidores.

"Os dados, sem dúvida, acrescentam pressão inflacionária a mais nessa transição da política monetária dos Estados Unidos de 2023 para 2024", completa Serra, da Toro.

Conforme o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, agora será preciso acompanhar os sinais dos membros do Fed sobre a política monetária. "Teremos de esperar quais serão as sinalizações", diz.

Ontem, o Ibovespa fechou em queda de 0,28%, aos 113.284,08 pontos, ficando nessa marca pelo terceiro pregão consecutivo. Às 11h12, o Ibovespa cedia 1,37%, aos 111.724,39 pontos, ante mínima aos 111.695,98 pontos (-1,40%), vindo de abertura aos 113.282,50 pontos, com variação zero. Só cinco ações subiam, de um total de 86. Vale era uma delas, com elevação de 0,88%, mas uma contribuição positiva de apenas 0,13 ponto porcentual, ou seja, insuficiente para apagar a queda do Índice Bovespa.

As ações da mineradora subiam apoiadas na decisão do UBS de elevar a recomendação da mineradora de venda para neutro, apesar do recuo de 0,20% do minério de ferro em Cingapura. O petróleo voltava a cair, contaminando os papéis da Petrobras, que caía 0,79% (PN) e -0,17% (ON). Os papéis de bancos tinham perdas expressivas, acima de 2,00%, exceto Unit de Santander e Banco do Brasil, que subiam 0,19% e 0,81%, respectivamente.

Além da preocupação com a dinâmica de juros nos Estados Unidos, os investidores locais acompanham o avanço da inflação no Brasil. O Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) avançou a 0,45% em setembro (de 0,05%), ficando levemente abaixo do teto de 0,46% e acima da mediana de 0,26% das projeções, cujo piso era de 0,16%.

Deixe seu comentário

Só para assinantes