Novo corte nos preços da gasolina entra no radar do mercado

A possibilidade de um novo corte nos preços da gasolina pela Petrobras ainda este ano entrou no radar do mercado financeiro nos últimos dias. Esse ainda não é o cenário básico da maioria dos economistas, que calculam um potencial de impacto negativo de 0,10 a 0,20 ponto porcentual no IPCA de 2023, a depender da magnitude do corte, caso ocorra.

Considerando a mediana do Boletim Focus divulgado nesta segunda, 13, para a inflação deste ano, de 4,59%, significaria espaço para um IPCA entre 4,39% e 4,49%. Isso, segundo os analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, dá conforto à ideia de que o Banco Central conseguirá entregar a inflação abaixo do teto da meta (4,75%) pela primeira vez desde 2020.

Dados da Abicom, associação que representa os importadores de combustíveis, captam o espaço para uma redução dos preços. No dia 19 de outubro, quando a Petrobras anunciou o último corte da gasolina, o combustível era vendido aqui 2% abaixo da paridade internacional. Já na última sexta-feira, era negociado pelo mesmo preço do exterior.

A estrategista de inflação da Warren Rena, Andréa Angelo, já incorporou ao cenário básico uma redução de 6% nos preços da gasolina nas refinarias - prevista para esta semana ou a próxima -, o que a fez diminuir a projeção para o IPCA de 2023 de 4,5% para 4,4%, já 0,35 ponto abaixo do teto da meta.

"Na live de divulgação de resultados, a Petrobras disse que está olhando os preços estruturais e, quando fala isso, minha interpretação é a de que está esperando estabilizar um pouco o nível para dosar o corte. Eu inseri no cenário um corte de 6%, mas o PPI (paridade dos preços de importação) mostra espaço para até 10%", disse Andréa.

'Outro patamar'

Na última sexta-feira, 10, o diretor de comercialização e logística da Petrobras, Claudio Schlosser, disse que a consolidação dos preços internacionais de gasolina em "outro patamar", estruturalmente, poderia levar a um novo reajuste aqui. Mas lembrou que a empresa já cortou os preços em outubro e não antecipou uma nova redução.

"Tem uma chance bem significativa de termos um corte esta semana ou na próxima, porque, desde o último corte, tivemos uma queda média de 10% nos preços da gasolina internacional, e o real se valorizou", diz o economista Luís Menon, da Garde Asset. "Já faz um mês desde o último corte, e essa tem sido a periodicidade adotada pela Petrobras."

Menon calcula haver espaço para um reajuste negativo de até 10% nos preços da gasolina, que retiraria 0,24 ponto da projeção dele para o IPCA de 2023, hoje em 4,65%. No entanto, o analista destaca que um reajuste menor - próximo de 5% e com impacto de 0,12 ponto - é mais provável, em razão da volatilidade do cenário.

Para o economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano, a defasagem vista hoje não mostra espaço para um novo corte nos preços de gasolina. No entanto, ele diz que, se o dólar se mantiver comportado em relação ao real até o fim do ano e se não houver uma alta forte dos preços de petróleo, é possível haver um reajuste negativo de até 5%, com impacto negativo de 0,10 ponto porcentual no IPCA.

"Não é que a minha projeção para o IPCA tenha viés de baixa por causa disso, mas esse é um dos riscos de baixa para o IPCA de 2023, assim como o comportamento dos alimentos é um risco de alta", afirma Serrano, que espera um IPCA de 4,6% este ano, sem considerar uma nova redução dos preços de combustíveis.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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