BB anuncia medidas para igualdade racial em fornecedores e no mercado
O Banco do Brasil anunciou neste sábado (18) um conjunto de medidas para promover a igualdade e a inclusão étnico-racial no país.
O que aconteceu
O BB anunciou ações que envolvem clientes, funcionários, fornecedores e outros parceiros estratégicos do banco, e serão adotadas de modo voluntário. O BB se tornou alvo de inquérito do Ministério Público Federal em setembro sobre sua participação na escravidão de pessoas negras no Brasil no século XIX.
Desde que a apuração veio à tona, o banco vinha adotando uma postura defensiva. O BB tem afirmado que reconhece o direito à verdade, mas que o período precisa ser analisado de modo mais amplo.
O banco anunciou que incluiu uma cláusula de fomento à diversidade nos contratos com fornecedores. Essa cláusula entrará para a política de relacionamento com estes agentes.
Ações para diversidade
O BB também fará parceria para encaminhar jovens egressos do programa de menor aprendiz ao mercado de trabalho. Esse acordo, que está sendo negociado, tem como público os 2,2 mil jovens do programa, dos quais 1,5 mil são pretos e pardos, segundo o banco.
A instituição também fará um workshop sobre a promoção da diversidade, equidade e inclusão com estatais e fornecedores. No evento, serão tratados um convênio do banco com Pacto Global da ONU, e será estimulada a criação de comitês de ética e diversidade nas empresas fornecedoras.
Em outra medida, o BB afirma que terá um programa de desenvolvimento de carreira de funcionários pretos e pardos. Serão identificadas até 150 pessoas negras com potencial de liderança. Em paralelo, haverá um programa de mentoria em que atuais líderes negros do banco darão consultoria a 300 profissionais sobre temas ligados a raça e carreira.
Reparação
A investigação do MPF foi instaurada após uma manifestação de professores e universitários. Eles afirmaram que o banco tinha na diretoria e no quadro de sócios, naquele século, pessoas ligadas ao tráfico de africanos e à escravidão. Desde então, houve reuniões entre o banco e o MPF.
Em nota, a presidente do BB, Tarciana Medeiros, afirma que toda a sociedade brasileira deveria, de forma direta ou indireta, pedir desculpas à população negra por algum tipo de participação na escravidão. "Neste contexto, o Banco do Brasil de hoje pede perdão ao povo negro pelas suas versões predecessoras e trabalha intensamente para enfrentar o racismo estrutural no país", diz.
Medeiros é negra e é a primeira mulher a presidir o BB nos 215 anos do banco. Ela afirma que o banco não se furta a encarar a real história de suas versões anteriores, mas que por ser uma instituição da atualidade, realiza atividades voluntárias para combater a desigualdade étnico-racial, com metas concretas.
Ela afirma ainda que é necessária uma reflexão de toda a sociedade, de forma permanente, sobre o tema, para que o debate não seja reduzido. "As sequelas da escravatura convocam todos os atores sociais contemporâneos a agir para a promoção da igualdade étnico-racial, a contribuir por meio de ações concretas, como as que o Banco já desenvolve de modo pioneiro, voluntário e destacado", disse.
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