Cenário está bem para uma Selic terminal mais para 9,5%, diz ex-diretor do BC

O cenário de inflação é positivo e deve permitir que o Banco Central diminua a taxa Selic a ao menos 9,5% este ano, disse na quinta-feira, 22, em evento do BTG Pactual, o ex-diretor da autoridade monetária e gestor de portfólio da Itaú Asset Bruno Serra. Ele acrescentou considerar possível uma taxa menor, de até 9%, mas destacou que isso exige uma postura conservadora na condução da política monetária.

"Quanto mais o Banco Central for conservador agora, ele vai acabar colhendo frutos desse ambiente de inflação corrente mais benigno e vai poder estender o ciclo ao longo do segundo semestre, talvez com algumas reduções de 0,25 ponto porcentual a mais do que o mercado espera", disse Serra, que participou na manhã da quinta-feira da mesa "Economia em Foco: Desafios e Oportunidades Globais", do BTG Summit 2024.

O ex-diretor do BC já espera que o IPCA, índice oficial de inflação, fique entre 3% e 3,2% este ano - mais perto do centro da meta, de 3%, do que da mediana do último relatório Focus, de 3,81%. E acrescentou que fatores como a queda das commodities agrícolas e o bom desempenho do câmbio brasileiro devem ajudar esse cenário.

'Forward guidance'

Antes, Serra defendeu que retire já na reunião de março o seu "forward guidance", que promete novos cortes de 0,5 ponto porcentual da taxa Selic nos dois encontros seguintes.

Com essa comunicação mais conservadora e a expectativa de uma evolução positiva do cenário, o BC poderia reduzir mais os juros no total, argumentou.

Resquício de incerteza sobre nomes do BC

Na avaliação de Bruno Serra, o mercado ainda guarda alguma incerteza sobre a transição na gestão do Banco Central, embora os diretores nomeados ao longo do último ano pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tenham sido bons.

"Tem algum resquício da incerteza na transição do BC, apesar de as nomeações dos diretores terem sido bastante boas, com todo mundo falando a mesma língua", disse Serra, durante o evento do BTG Pactual. "Ainda assim, acho que o mercado tem um pouco de pé atrás."

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