Ibovespa tem leve baixa com NY após dados dos EUA, mas defende nível histórico
O quadro é de cautela no exterior no exterior, após a divulgação dos dados do mercado de trabalho norte-americano de agosto informados nesta sexta-feira, 6. O Ibovespa abriu aos 136.508,29 pontos, no zero a zero, cedeu à mínima dos 135.831,88 pontos (-0,49%), foi à máxima dos 136.653 pontos (alta de 0,11%) e agora ronda queda. O movimento reflete a desvalorização da maioria dos índices das bolsas em Nova York.
"Cai, mas não por conta de perda de fundamento e sim por oscilações naturais de mercado. O Ibovespa ainda segue na faixa histórica dos 136 mil pontos", pontua Brayan Campos, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Os investidores avaliam o payroll, relatório oficial de emprego dos Estados Unidos. A despeito de ter havido menor geração de vagas de emprego em agosto ante julho nos EUA, houve avanço do salário médio.
Neste sentido, tende a reforçar as apostas de queda de 0,25 ponto porcentual dos juros nos Estados Unidos a partir de setembro, dado que as condições do mercado de trabalho no país não parecem tão desfavoráveis a ponto de levar a uma recessão. Mais cedo, a precificação indicava aumento das apostas de um recuo do juro básico nos EUA de 0,50 ponto porcentual neste mês.
"A expectativa de corte sem se concretizando", afirma Campos, para quem os mercados já contavam com um arrefecimento. "De certa forma, é um payroll positivo ao reforçar essa expectativa de queda, mas não necessariamente de meio ponto porcentual", avalia Campos.
Para Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, os dados do mercado de trabalho americano evidenciam um enfraquecimento, mas não indicam que o setor esteja afundando. Como ressalta, a taxa de desemprego até caiu um pouco em agosto e houve avanço do ganho médio salarial. Este quadro, segundo o economista, corrobora com a ideia de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Contudo, pondera que "este conjunto de dados não deixa claro se o Fed começará a queda em 0,50 ponto porcentual."
Este comportamento mais para o negativo das bolsas internacionais tende a atrapalhar um fechamento positivo do Índice Bovespa na semana, dado que até o fechamento de ontem acumulava elevação de apenas de 0,37%. Se avançar, será o quinto ganho semanal seguido. Perto das 11 horas, cedia 0,02%.
Agora, as expectativas dos investidores ficam por discursos de dirigentes do Federal Reserve nesta sexta-feira, a poucos dias da definição de política monetária americana, que será no dia 18. Mais cedo o presidente do Fed de Nova York, John Williams, adotou um tom suave, ao afirmar que "agora é apropriado baixar a taxa dos Fed Funds".
Também no próximo dia 18, o Banco Central do Brasil divulga a sua decisão sobre a taxa Selic, que atualmente está em 10,50% ao ano.
Aliás por aqui, apesar do arrefecimento do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) em agosto para 0,12% ante 0,83% em julho, o dado ficou acima da mediana de 0,09% das expectativas. Deste modo, tende a reforçar as preocupações com a desancoragem das expectativas.
Ontem, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, reiterou que será feito o que for preciso para reancorar as expectativas de inflação. A afirmação aliviou os juros futuros e permitiu alta de 0,29% do Ibovespa, que fechou aos 136.502,49 pontos, depois de muita volatilidade, mas o cenário ainda é de cautela seja por conta da inflação seja devido ao fiscal. Hoje, os juros futuros voltam a subir.
Também ontem, ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, número 2 da pasta comandada por Fernando Haddad, afirmou que a proposta de limitar o crescimento de todas as despesas públicas pelo teto do novo arcabouço fiscal está "em debate" e "amadurecendo dentro do governo".
O quadro também é preocupante no Velho Continente, onde a produção industrial alemã caiu mais do que se previa e o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro no segundo trimestre avançou menos do que o esperado por analistas. Assim, as bolsas cedem por lá.
Às 11h09, o Ibovespa caía 0,37%, aos 136.003,81 pontos, ante recuo de 0,49%, aos 135.831,88 pontos, na mínima. Na máxima, marcou 136.653,00 pontos. As ações ligadas a commodities, como Vale (-0,17%) e Petrobras operavam em baixa (PN: -0,50% e ON: -0,38%).
Da mesma forma, papéis de grandes bancos cediam até 1,19% (Bradesco PN). O dólar à vista seguia em leve queda de 0,02%, a R$ 5,5690, depois de atingir mínima a R$ 5,5304.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.