Índice de Atividade Econômica Regional do Nordeste sobe 3,1%, mostra FGV

O Índice de Atividade Econômica Regional (IBC-R) do Nordeste cresceu 3,1% no primeiro semestre ante o mesmo período de 2023. O resultado superou o avanço de 2,1% registrado na atividade econômica nacional no mesmo período. Os cálculos são do Boletim Macro Regional Nordeste, divulgado nesta terça-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

No mês de junho, o IBC-R do Nordeste recuou 1,0% ante junho de 2023, enquanto o do Brasil cresceu 1,4%. No segundo trimestre de 2024, houve um crescimento de 0,5% na atividade econômica nordestina ante o segundo trimestre do ano passado.

"O Nordeste do Brasil ainda enfrenta grandes desafios econômicos e sociais. Em 2021 representava cerca de 27% da população brasileira, mas com apenas 13,8% de participação do PIB nacional, sendo que esse patamar vem se mantendo quase que inalterado nas últimas décadas, refletindo dificuldades em superar um atraso histórico. A renda per capita da região em 2023 equivalia a apenas 62% da média nacional e concentrava 55% da população em extrema pobreza do Brasil", avaliou a FGV, em nota.

No mês de junho de 2024, a indústria do Nordeste registrou uma queda de -6,0%. As principais perdas ocorreram nos parques fabris da Bahia (-5,4%) e Pernambuco (-5,2%), enquanto o Ceará (1,6%) foi o único Estado a computar crescimento. No acumulado do ano, a produção industrial nordestina encolheu 0,4%.

"A confiança do empresário industrial na região também apresentou queda, atingindo 48,7 pontos em julho, abaixo da média histórica", ressaltou a FGV.

Já o mercado de trabalho local permaneceu mostrando bons resultados: o saldo de empregos no Nordeste foi positivo em 45.904 novos postos de trabalho em junho de 2024, a maior geração de empregos do ano. Ceará, Bahia e Pernambuco lideraram a criação de vagas.

No acumulado do primeiro semestre, foram gerados mais de 142 mil empregos formais no Nordeste. A taxa de desocupação caiu para 9,4% na região no segundo trimestre de 2024.

Para Isadora Osterno, coordenadora técnica do Boletim Macro Regional, os dados mostram que a tanto a economia quanto o mercado de trabalho nordestino estão "performando bem".

"Nossa atividade econômica vai bem, mas o ponto é que a indústria nordestina não consegue ter bom desempenho, a indústria nordestina não vai tão bem", ponderou Osterno. "A desocupação vem caindo trimestre após trimestre. Chegamos ao menor nível da série histórica, que mostra uma dinâmica interessante do mercado de trabalho do Nordeste. O ponto é que a atividade econômica vem bem, a indústria não tão bem, mas o mercado de trabalho vem bem", resumiu.

Embora a taxa de desemprego esteja nas mínimas históricas no Nordeste, o resultado ainda foi consideravelmente mais elevado na região do que a média nacional, que ficou em 6,9% no segundo trimestre.

"Principalmente entre os menos escolarizados, você observa uma dificuldade desse extrato da população em acessar o mercado de trabalho", justificou João Mário de França, pesquisador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do Ibre/FGV.

Apesar da persistência de alguns obstáculos, a região Nordeste tem se destacado em inovação e sustentabilidade, apontou a FGV.

"O agronegócio, por exemplo, cresce com a expansão da agricultura irrigada, enquanto o Nordeste lidera a produção de energia eólica e solar no país. O setor de turismo também impulsiona a economia regional, contribuindo para o desenvolvimento local", citou a Fundação, em nota.

Entre 2021 e 2023, no pós-pandemia, a extrema pobreza caiu à metade no Brasil, sendo o Nordeste responsável por 50% dessa redução, apontou a FGV. "Você tem um movimento positivo do Bolsa Família reduzindo a extrema pobreza", explicou França.

Quanto ao mês de julho, a FGV informou que a balança comercial do Nordeste apresentou um superávit de US$ 102 milhões, depois de seis meses de déficits consecutivos. Os Estados do Maranhão e do Ceará lideraram as exportações, puxadas por commodities agrícolas e semiacabados de ferro e aço.

"As exportações nordestinas ainda dependem fortemente de commodities, especialmente soja, celulose e alumina. A China e os EUA são os principais parceiros comerciais da região", apontou a FGV.