Juros: mal-estar com fiscal após relatório da Fitch consolida alta dos DIs
A curva de juros voltou a abrir nesta quinta-feira, com as taxas longas subindo cerca de 10 pontos, principalmente após relatório da Fitch Ratings destacar que o "forte crescimento" da economia brasileira não reduz a incerteza fiscal. A ponta curta, por sua vez, seguiu o comportamento das Treasuries e também considerou que o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central projetou o IPCA para o 2º trimestre de 2026 de 3,5%, sinalizando que o Comitê de Política Monetária (Copom) potencialmente será mais agressivo no aperto monetário. Pela precificação na curva de juros, a Selic deve ficar em 12,50% em março de 2025 e em 12,50% em março de 2026.
A taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 subiu a 12,200%, de 12,086% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2027 avançou a 12,245%, de 12,111%, e o vencimento para janeiro de 2029 saltou a 12,33%, ante 12,23%.
Os juros longos operavam perto dos ajustes de quarta-feira no início da tarde, mas acabaram mudando a tendência para alta na segunda etapa do pregão. A Fitch Ratings disse, em relatório divulgado por volta das 15h do horário de Brasília, que apesar do "forte crescimento" da economia brasileira, o desempenho fiscal está abaixo das projeções originais do orçamento de 2024, e que a atividade econômica aquecida "pode resultar em parte da posição fiscal frouxa".
Na avaliação de Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, "o relatório da Fitch sugere que com o fiscal atual dificilmente o país verá uma elevação da nota de crédito nos próximos anos". Ele complementa que, "como não há sinais de disposição do governo de mudar a rota, a notícia acabou favorecendo um aumento no prêmio de risco".
Caio Tonet, sócio e diretor de operações da W1 Capital, diz que o relatório da Fitch elevou as preocupações fiscais ainda mais. "Brasil foi perdendo credibilidade aos poucos no âmbito fiscal, principalmente desde semana passada."
O BTG Pactual também avalia que a abertura do diferencial de juros de longo prazo entre Brasil e Estados Unidos está sendo impulsionada por preocupações crescentes sobre a situação fiscal brasileira. Para o banco, a incerteza quanto ao cumprimento das regras fiscais para 2025 aumentou, especialmente porque o orçamento do ano que vem enviado ao Congresso está excessivamente dependente de fontes de receitas incertas.
O vértice mais curto da curva de juros, por sua vez, esteve mais atrelado à expectativa de política monetária, após RTI do Banco Central, e ao desempenho dos Treasuries, visto que a T-note de 2 anos subiu a 3,619%, e o da T-note de 10 anos avançou a 3,794%.
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