Dólar se distancia de R$ 5,60 com expectativa por contenção de gastos

O real teve a melhor performance entre divisas emergentes e de exportadores de commodities nesta segunda-feira, 14, em movimento de ajuste após ter tido a pior na semana passada. O apoio veio de notícias sobre medidas do governo para elevar a austeridade fiscal, que começaram a circular no início da tarde e chegaram a levar o câmbio para mínima de R$ 5,56, e porque o futuro presidente do Banco Central a partir de 2025, Gabriel Galípolo, reiterou pela manhã o compromisso de buscar o centro da meta de inflação de 3%.

O pregão também foi marcado por liquidez reduzida, com o mercado de Treasuries em Nova York fechado pelo feriado de Columbus Day nos Estados Unidos, e investidores de olho em potenciais novos estímulos da China.

O dólar à vista fechou com queda de 0,58%, a R$ 5,5827. Às 17h19, o contrato futuro para novembro cedia 0,32%, a R$ 5,5980 e com giro de negócios registrado de cerca de US$ 8,32 bilhões. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de pares fortes, fechou em alta de 0,34%, a 103,241 pontos.

Os ativos brasileiros melhoraram de performance após a Reuters reportar que o governo prepara medidas de contenção de gastos obrigatórios para serem apresentadas após a realização do segundo turno das eleições municipais, no fim deste mês.

Na esteira, o dólar atingiu sua mínima intradia tanto no segmento à vista (a R$ 5,5660) quanto no futuro para novembro (a R$ 5,664), enquanto o Ibovespa renovou máxima e os juros futuros, mínimas.

Segundo o estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, a notícia traz alívio aos preços dos ativos brasileiros por reduzir preocupação com as contas públicas pelo lado dos gastos, considerando que nas últimas semanas o mercado operou por preocupações com quadro fiscal.

Para Rafael Passos, sócio e analista da Ajax Asset, há ainda uma realização de lucros no dólar após ter se valorizado quase 3% na semana passada, e apoiado ainda nas falas de Galípolo.

O futuro presidente do BC a partir de 2025 afirmou, por exemplo, que "diretor do BC não tem que discutir meta de inflação, tem que perseguí-la".

Para gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, Galípolo "evidenciou que o BC teria somente que administrar o cumprimento da meta, em linha com o que o mercado almeja - independência e sem amarras do governo".

Já a China anunciou no sábado, 12, a emissão de US$ 325 bilhões em títulos especiais ao longo dos próximos três meses, medida que foi vista como positiva por Marco Maciel, economista-chefe do Banco Fibra, pela possibilidade de mudar a estrutura de capital das empresas de construção chinesas. O Goldman Sachs, inclusive, elevou a previsão para PIB da China em 2024 de 4,7% para 4,9%.

Ainda assim, o mercado aponta falta de clareza quanto aos planos de estímulos de Pequim. O ministro de Finanças da China, Lan Foan, afirmou que Pequim está considerando formas adicionais de alavancar a segunda maior economia do mundo, mas não forneceu detalhes.

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