Juros: taxas curtas sobem e longas caem com exterior e questões fiscais no radar
Os juros futuros fecharam com sinais divergentes ao longo da curva a termo. Após uma manhã de alívio nos prêmios de risco estimulado pelo fechamento da curva dos Treasuries e pela expectativa de que, enfim, o pacote de corte de gastos fosse anunciado ainda nesta quinta-feira, a segunda etapa foi marcada por idas e vindas das taxas, estando o mercado com um olho no Federal Reserve e outro em Brasília.
Os investidores ajustaram a percepção sobre um anúncio iminente do pacote, mas voltaram a nutrir esperanças em medidas mais robustas, após a Fazenda negar informação que circulou na imprensa de que seriam nos valores de R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. No fim da sessão, uma pernada extra de queda dos yields dos Treasuries a partir da entrevista de Jerome Powell ajudou a aliviar a curva por aqui. No fechamento, as taxas de curto prazos exibiam viés de alta, as intermediárias estavam de lado e as longas, em queda firme.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 13,00%, de 12,95% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 13,02%, de 13,03%. O DI para janeiro de 2029 fechou com taxa a 12,85% (de 12,97%).
Entre o fim da manhã até a entrevista de Powell, o mercado de juros operou a reboque de ruídos em torno do pacote fiscal. O investidor tentava conter a ansiedade sobre o que seria decidido na reunião do presidente Lula com ministros sobre as medidas, que durou o dia todo, mas passou a calibrar o otimismo de que algo poderia sair ainda hoje.
Ruídos relacionados à robustez das medidas também fizeram preço. "Na parte da tarde, o que pegou mais foi o fiscal, a expectativa de que o anúncio decepcione. O mercado estava esperando algo mais robusto, entre R$ 30 bilhões e 50 bilhões, mas há rumores de que pode vir mais um corte de R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões. Seria bem frustrante", afirmou o economista da DA Economics Victor Beyruti.
De acordo com relatos da imprensa, Lula vai analisar duas propostas, uma que chegaria a um montante de R$ 15 bilhões e atingiria pastas como Saúde e Transporte, enquanto a outra ficaria em torno de R$ 10 bilhões, segundo fontes. Diante dos impactos da notícia no mercado, a Fazenda divulgou nota à tarde para dizer que as informações não procedem, o que acabou retirando pressão da curva.
Quanto ao Fed, a expectativa majoritária de corte de 25 pontos-base no juro dos EUA, para 4,5% a 4,75%, foi ratificada e, na avaliação do estrategista-chefe da AZ Quest, André Muller, essa dose de redução deve ser mantida nas próximas duas reuniões. "Nosso cenário é de economia americana continuando a crescer num ritmo pouco acima do neutro e não enxergamos pressões inflacionárias nesse momento. Dada a distância que estão das estimativas de juros neutro, acho que faz sentido", disse.
Pela entrevista de Powell, Muller acredita que o Fed pareceu seguro de que não há por ora nada indicando sobreaquecimento da economia, que levasse os diretores a entender que a inflação vai acelerar. "Enxergam a inflação compatível nesse momento com 2% e não vem qualquer pressão inflacionária vinda do mercado de trabalho", afirmou.
No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos, que ontem rompeu 4,40%, estava na casa de 4,33%.
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