PanAmericano: negociação não altera política de crédito para clientes
SÃO PAULO – Os consumidores que têm contratos de financiamento com o Banco PanAmericano podem ficar tranquilos porque a instituição garantiu, por meio de sua assessoria de imprensa, que a aquisição da participação do Grupo Silvio Santos no banco, por parte do Banco BTG Pactual, não promoverá quaisquer mudanças nas regras vigentes de concessão de crédito.
“O que está feito, o novo sócio não pode mudar. Continuam as mesmas regras”, afirma o conselheiro da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira. “O novo sócio pode mudar a política [de concessão de crédito] daqui para frente, mas eu não acredito, até porque ele está entrando agora, então, ele tende a manter a política atual”, diz.
O PanAmericano atua principalmente no mercado de crédito para financiamento de veículos, que, segundo os últimos resultados divulgados pelo banco, no segundo semestre do ano passado, representava 51% do total da sua carteira de crédito até junho. Considerando outras modalidades, de maneira geral, o crédito para pessoa física correspondeu por 91,4% da carteira do banco no segundo trimestre de 2010.
Com a compra das ações, o BTG Pactual passa a ter 37,64% do PanAmericano. Com isso, o banco passa a assumir o controle do PanAmericano, pois a Caixa Econômica Federal manteve sua participação de 36,56% no capital social total da instituição.
Atuações
Como atua no mercado de crédito para classe média, média baixa e baixa renda, o impacto da negociação, na avaliação de Oliveira, tanto para consumidores como para o mercado em geral, a princípio, é mais positivo que negativo, devido à diferença de atuação do BTG, que é um banco de investimentos.
“Qualquer compra de banco é ruim para o consumidor porque passa a haver uma concentração. É menos um banco disputando. Entretanto, nesse caso isso não vai ocorrer, porque [o PanAmericano] está sendo adquirido por um banco que não atuava nesse segmento”, explica Oliveira.
Com isso, para ele, a negociação foi boa para o mercado, porque recuperou um banco que estava preocupando, e boa para o consumidor, porque se o PanAmericano quebrasse, seria uma instituição a menos no segmento de financiamento para baixa renda. “Foi bom e mantém mais um competidor no mercado”, afirma.
No caso dos consumidores, a diferença de atuação entre o BTG e o PanAmericano também pode gerar efeitos adversos. “Pode ser bom ou pode ser ruim, porque o consumidor tinha no PanAmericano produtos específicos e vai entrar um novo banco com "know how" em outros produtos, que pode passar a oferecer a esse consumidor. Pode ser ruim porque pode haver mais exigências para a concessão de crédito”, considera Oliveira. “Pode ser um bom negócio para o consumidor se [os novos sócios] mantiverem a política de concessão de crédito e agregarem outros produtos, mas pode ser que o dono resolva mudar a política de crédito do banco”, completa.
Em nota divulgada ao mercado, o sócio do BTG e novo CEO do PanAmericano, José Luiz Acar Pedro, afirmou que haverá investimentos no sentido de ampliar as opções para os consumidores. “Investiremos em sistemas, processos e aprimoramento da eficiência, além da criação de novos produtos e suporte aos clientes, franqueados, promotores de venda e na intensificação da nossa parceria com a Caixa”, disse.
Contudo, como no setor financeiro nada é tão certo assim, Oliveira atenta para outras questões. “É muito cedo para dizer isso, porque várias coisas podem acontecer, mas [o BTG] é um banco que atua no atacado e para eles é uma novidade isso. Então, eles tanto podem se dar bem como podem se dar mal, por não conhecerem esse mercado que é específico, de crédito para baixa renda”, considera.
“Se ele [o BTG] chegar travando a concessão de crédito, ele tende a perder clientes”, alerta o conselheiro da Anefac. Até junho de 2010, o PanAmericano contava com 16,9 milhões de clientes cadastrados, dos quais 2,1 milhões ativos, que eram atendidos por 203 pontos de vendas. Os últimos dados do banco mostravam que a instituição estava presente em 85% do território nacional.
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