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FT exalta possível ida de Tombini à Fazenda, mas questiona: ele resistiria a Dilma?

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini - Marcelo Camargo/Folhapress
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini Imagem: Marcelo Camargo/Folhapress

25/04/2014 11h11

SÃO PAULO - Surgiram rumores de que o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, pode ser substituído ainda neste ano pelo atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, conforme apontou publicação do jornal "Valor Econômico" da quinta-feira (25). O rumor repercutiu de forma bastante forte no mercado, e suscitou comentários da imprensa internacional.

O jornal britânico "Financial Times" deu menção ao rumor através de seu blog para mercados emergentes, o Beyond Brics, citando a análise da consultoria japonesa Nomura Securities. A análise exalta a possível escolha de Tombini para a Fazenda e cita uma melhora da percepção das políticas econômicas com o novo nome, menos atrelado a questões políticas do que Mantega.

Porém, aponta o "FT", caso Dilma se reeleja, o risco é de que haja continuidade das políticas realizadas no primeiro governo. Assim, a questão é se o atual presidente do BC conseguirá bater de frente com a presidente ou se irá ceder à estratégia econômica dela em caso de mais quatro anos no poder. 

Dilma conhece bem e confia em Tombini, diz consultoria

Segundo a consultoria Nomura, os rumores de que Tombini seria escolhido não são exatamente uma surpresa, uma vez que há muito tempo já se pensava nele como um dos mais factíveis para o cargo. "A razão é simples: ele combina experiência econômica, credibilidade no mercado, bem como a confiança da presidente Dilma Rousseff", destaca a instituição.

Segundo a consultoria, o último atributo é particularmente importante porque, se houver uma decisão de delegar formulação de políticas econômicas, é muito importante que a autoridade seja dada a alguém que Dilma conhece bem e em quem confia. "Tombini, em nossa opinião, atende a esses critérios", afirma a Nomura.

Luiz Awazu assumiria BC

Já o atual diretor do BC, Luiz Awazu, é um dos mais cotados para assumir o cargo mais alto do Banco Central caso Tombini se torne ministro da Fazenda, afirma.

"Awazu tem sido o principal inovador na política do Banco Central em torno da regulamentação e políticas prudenciais, e tem a estatura para liderar a autoridade monetária", ressaltou.

Mudança pode reforçar ideia de autonomia do BC

Caso Dilma mude a equipe econômica, ela também pode reforçar a ideia de autonomia do Banco Central, o que vem sendo alvo de discussões por pré-candidatos à Presidência. Com duas figuras críveis --no Ministério da Fazenda e no Banco Central--, um movimento para reforçar a independência da política monetária seria construir a confiança com os mercados. 

Segundo a Nomura aponta, isto seria algo crucial, uma vez que Dilma embarcou em distorções caras ao seu governo em meio ao controle de preços da Petrobras, além de intervenções em setores como o de energia. 

Jornais: Tombini não tem conexão com PT, mas discordaria de Dilma?

A matéria do "Valor" ressalta que Tombini é altamente qualificado e seria o primeiro ministro da Fazenda desde 2003 sem conexão com o PT (Partido dos Trabalhadores), de Dilma Rousseff, proporcionando-lhe maior independência. 

Porém, o blog Beyond Brics avalia que, caso Dilma seja reeleita, ela pode se mover na direção oposta a uma reforma, "interpretando a sua nomeação para um segundo mandato como um voto para sua política anterior de controle de preços e outras interferências na economia". 

A lógica poderia ser: por que mudar uma fórmula vencedora? "Será que Tombini será capaz de resistir a suas políticas, mesmo que ele não concorde?", questiona a publicação.