PT usa canais oficiais do partido para pressionar por saída de Campos Neto

O PT está usando os seus canais oficiais de comunicação para pressionar a saída do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O mandatário do BC fica no cargo até 31 de dezembro.

O que aconteceu

O PT lançou uma petição pedindo a saída do presidente do BC. "Roberto Campos Neto não tem independência para continuar exercendo seu cargo de presidente do Banco Central, atua com interesses políticos-partidários para sabotar o Governo Lula desde o início de 2023, se tornando a esperança bolsonarista derrotada nas urnas e na tentativa de golpe do 8 de janeiro", diz PT em post no X (antigo Twitter). Os canais do partido no Whatsapp e no Telegram também divulgaram a mensagem.

A ofensiva nas redes sociais começou um dia após a decisão do Copom. O Comitê decidiu manter a taxa de juros do país em 10,5% ao ano, uma decisão contrária à Lula, que defende a queda de juros. O partido afirma que Campos Neto não tem independência para continuar no cargo e pede renúncia ou exoneração.

Na terça-feira (19), deputados do PT se articulavam para chamar Campos Neto para falar na CMO (Comissão Mista de Orçamento) antes do recesso parlamentar. Pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o presidente do Banco Central deve comparecer ao colegiado no final de cada trimestre. O convite é realizado pelo presidente do colegiado para que a autoridade apresente uma avaliação sobre o cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária. Em 2023, a então presidente da CMO, senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), não convidou Campos Neto para a prestação de contas.

Apesar de falas de Lula, Campos Neto não vai entregar cargo antes do prazo. É o que apurou a colunista do UOL Carla Araújo.

Tensão política

A reunião do junho do Copom estava cercada de mais expectativa do que o costume por questões políticas. No encontro de maio, o comitê havia resolvido cortar a taxa em 0,25 ponto percentual, para 10,5% ao ano, em uma decisão que dividiu os membros.

Houve ruído de que a decisão do Copom poderia ter sido política. De um lado, defendendo uma redução maior, de 0,5 ponto percentual, estavam os diretores indicados pelo governo Lula. Do outro, que acabou prevalecendo, membros mais antigos. Essa discordância alimentou a preocupação de que, quando acabar o mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, em dezembro, um novo chefe indicado pelo atual governo seja mais agressivo nos cortes.

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Atrito com Lula

Ao governo Lula interessa ter juros mais baixos para estimular a atividade econômica. Nos últimos dias, o presidente da República tem criticado duramente o BC e Campos Neto por causa da taxa.

Na terça (18), o presidente Lula (PT) declarou que Campos Neto, tem lado político. Disse também que ele "trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país". "Não tem explicação a taxa de juros do jeito que está", afirmou o presidente. A declaração foi em entrevista à rádio CBN. "Só temos uma coisa desajustada no Brasil nesse instante, é o comportamento do Banco Central", disparou Lula. "Essa é uma coisa desajustada."

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