Manutenção da Selic era esperada, e decisão unânime do Copom alivia mercado
O mercado financeiro esperava a manutenção da Selic em 10,5% ao ano e ficou aliviado com o fato de a decisão dos membros do Copom (Comitê de Política Monetária) ter sido unânime.
O que aconteceu
A decisão do Copom já era esperada pelo mercado. Os membros justificaram a decisão no cenário global incerto e no doméstico marcado pela resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas. O Copom ressaltou a necessidade de manter uma política mais dura para ancorar as expectativas do mercado e garantir o cumprimento das metas de inflação.
A unanimidade traz alívio para o mercado. Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, afirma que havia um temor de que os membros indicados pelo governo pudessem ceder a pressões do presidente Lula para diminuição da Selic. "Esse movimento afasta, a princípio, uma preocupação do mercado de que as futuras decisões pudessem ser tendenciosas e menos técnicas, dado as projeções de inflação já sinalizadas no boletim Focus", afirma Lima.
O balanço de riscos segue equilibrado, para Leonardo Costa, economista do ASA. Segundo ele, as novidades do comunicação são a piora das projeções do modelo do BC e o reforço a preocupação com as expectativas, notando a "ampliação da desancoragem".
Na última reunião, a decisão causou ruído. Isto porque os diretores do Copom não chegaram a um consenso e houve discussões sobre a possibilidade de as decisões não serem técnicas, mas sim influenciadas pelo governo.
"Acredito que isso foi muito importante para reforçar que as decisões foram tomadas de forma técnica e não com interferência política e assim eliminar qualquer dúvida sobre a credibilidade da política monetária.
Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital
A Fecomércio-SP apoiou a decisão do BC. Para a entidade, a decisão foi responsável, mesmo que isto represente uma má notícia para o setor produtivo. "Embora seja má notícia para o setor produtivo, a Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) avalia que a parada técnica era necessária em meio a uma conjuntura econômica que aponta para riscos inflacionários", afirma em nota.
É um comunicado bastante equilibrado, não levando o foco, a luz para a questão da política fiscal. Colocando primeiro a questão externa, depois a questão principalmente da inflação brasileira mais resiliente e da desancoragem das expectativas.
Hudson Bessa, professor de Finanças e Mercado Financeiro da Fipecafi
Fim de ciclo
A decisão de hoje interrompeu um ciclo de quedas da Selic que havia começado em agosto de 2023. Em sete reuniões seguidas ao longo de dez meses, o Copom reduziu a taxa de 13,75% ao ano para 10,5% ao ano.
A manutenção era amplamente esperada pelo mercado financeiro. Os analistas que respondem à pesquisa semanal Focus, do próprio BC, projetam que a Selic vai terminar 2024 em 10,5% ao ano — ou seja, que não haverá reduções adicionais até dezembro.
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