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Trumponomics: os três pilares da política econômica de Donald Trump

18/11/2016 20h14

SÃO PAULO - O mundo ainda tenta entender como Donald Trump irá gerir os Estados Unidos após assumir a presidência, mas o Itaú Unibanco já analisou como será a estrutura de seu governo. Em relatório divulgado nesta sexta-feira (18) com o título em inglês de "Trumponomics", a equipe do banco explica que o magnata deve conduzir a maior economia do mundo com uma base em três pilares.

"Em primeiro lugar, uma política fiscal expansionista calcada em corte de impostos. Em segundo, o protecionismo comercial e migratório. E, em terceiro, a desregulamentação de indústrias", diz o Itaú. Além disso, segundo o banco, as promessas de campanha que tanto agitaram as pessoas devem ser amenizadas pelo Congresso, que não deve deixar tudo passar.

No primeiro ponto, o banco explica que a ideia é  reduzir a alíquota de imposto de renda de 35% para 15% para as empresas, em uma medida que  elevaria o déficit do governo federal em US$ 160 bilhões por ano, ou 0,9% do PIB. Já p ara os indivíduos, o objetivo é reduzir o número de alíquotas de imposto de renda de 7 para 3. " Se ambas as medidas forem adotadas integralmente, o déficit do governo federal aumentaria R$ 410 bilhões po r ano, o equivalente a 2,2% do PIB", explica.

Além disso, o Itaú ressalta que, n o curto prazo, a promessa de campanha é de estímulos ao investimento e elevação dos gastos no setor de defesa, um estímulo que pode ser equivalente a US$ 100 bilhões por ano, ou 0,55% do PIB.  "Os estímulos ao investimento podem ocorrer via gastos, concessões e incentivos tributários ao setor privado.  Nesse sentido, cogita-se a criação de um banco de desenvolvimento econômico", explicam os analistas.

Sobre as políticas protecionistas, a  promessa de Trump é renegociar as relações comerciais com importantes parceiros dos Estados Unidos. Entre as possíveis medidas citadas durante a campanha estão a de revogar a zona de livre-comércio com Canadá e México e elevar a tarifa de importação do México para 35%, além de declarar a China como um país manipulador da moeda e aumentar a tarifa de importação para 45%.

Por fim, sobre a desregulamentação, o Itaú destaca três pontos. Em saúde, a intenção é repelir parcial ou totalmente a lei (Affordable Care Act) que instituiu subsídios ao seguro-saúde para indivíduos de baixa renda. Nos bancos, a ideia  é emendar ou repelir a reforma do sistema financeiro, reduzindo os custos bancários de emprestar à e conomia real.

Já no campo de energia a  intenção é desregulamentar o setor, repelindo a lei (Clean Energy Act) que permite ao governo  regular a emissão de gás carbônico, além de aprovar os recursos para a construção  do sistema de transporte e distribuição de petróleo e gás do Canadá e do Meio-Oeste dos  EUA para os portos no sul e renegociar o acordo nuclear com o Irã.

Aprovação no Congresso
"No âmbito fiscal, muito pode ser aprovado por maioria simples e os republicanos retiveram a maioria em ambas as Casas do Congresso. No entanto, o espaço fiscal é limitado e, portanto, os republicanos devem ser menos agressivos no corte de impostos do que nos governos de Ronald Reagan e George W. Bush", diz o relatório.

Sobre os acordos que Trump diz que quer acabar, como o Nafta, a equipe do Itaú diz que ele pode até  renegociar e elevar tarifas de importação sem aprovação do Congresso, "mas uma política comercial agressiva deve gerar retaliação dos parceiros comerciais, mitigando os benefícios do aumento de tarifas de importação". Além disso, os analista lembram que as mudanças regulatórias, em geral, precisam de aprovação de três quintos do Senado, o que limita sua aprovação sem o apoio dos democratas.

Com isso, a projeção é de uma  expansão fiscal moderada e medidas protecionistas modestas, em que o efeito será um impulso ao crescimento do PIB no curto prazo, mas sem consequências significativas no crescimento potencial do PIB para um futuro mais distante.

Além disso, o Federal Reserve será obrigado a apertar mais sua política monetária em contrapartida ao estímulo fiscal, afirma o Itaú. "Antecipamos alta de juros de 1,75 ponto percentual até o fim de 2018, 0,5 p.p. a mais do que a estimativa anterior e 0,7 p.p. acima do que está apreçado no mercado", diz o relatório.