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Ouro flerta novamente com US$ 1.500 por novas preocupações com guerra comercial

14/10/2019 17h34

O que é ruim para o comércio é bom para o ouro. O metal dourado voltou a brilhar para os investidores de ativos de refúgio nesta segunda-feira, flertando com o nível de bull market de US$ 1.500 por onça. Notícias de novos problemas nas negociações comerciais EUA-China deram a tônica no mercado hoje.

O ouro se recuperou após uma reportagem da Bloomberg apontar de que a China tinha mais demandas paro governo Trump sobre tarifas e queria mais negociações para chegar a um acordo comercial. A posição chinesa parecia contradizer a afirmação do presidente dos EUA na sexta-feira, de que os dois lados estavam mais próximos de um acordo.

Os futuros do ouro para entrega em dezembro fecharam em alta de US$ 8,90, ou 0,6%, a US$ 1.497,60 por onça, depois de escalarem até US$ 1.500 no comércio intradiário para atingir a máxima de US $ 1.501,35.

O ouro spot subiu US$ 3,16, ou 0,2%, para US$ 1.491,90 às 16:12 (horário de Brasília), depois de chegar a US$ 1.497,12 no comércio intradiário.

"Os preços do ouro podem mudar tão rapidamente e ainda estamos buscando um retorno para a área de US$ 1.500 nas manchetes políticas, econômicas e de juros desta semana", disse George Gero, analista de metais preciosos da RBC Wealth Management em Nova York.

China quer mais

Por demandar mais conversas com os EUA, Pequim pode enviar uma delegação liderada pelo vice-primeiro-ministro Liu He, principal negociador da China, para finalizar um acordo por escrito que poderá ser assinado pelos presidentes da cúpula de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico no próximo mês no Chile, disse à Bloomberg, citando pessoas familiarizadas com o assunto. Outra fonte disse que a China também queria que Trump cancelasse um aumento de tarifas planejado em dezembro, assim como fez com o aumento previsto para esta semana, algo que o governo americano ainda não endossou.

O ouro, no entanto, atingiu seu pico depois que o secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin, tranquilizou os investidores, através da CNBC, que Washington e Pequim têm um "entendimento" do acordo de "fase um" anunciado por Trump.

Hu Xijin, editor do porta-voz em inglês da China, Global Times, também tentou minimizar as preocupações.

"Com base no que eu sei, as negociações comerciais entre os dois países ocorreram na semana passada e os dois lados têm forte vontade de chegar a um acordo final. A declaração inicial do lado chinês é moderada", escreveu Hu no Twitter. "Este é o hábito da China. Isso não significa que a atitude real da China não seja positiva".

Com a guerra comercial à parte, o ambiente para ativos porto-seguro continuou a ser favorável, com novas frustrações em relação às perspectivas de um acordo rápido do Reino Unido e uma saída suave da UE. O bloco europeu rejeitou no fim de semana as últimas propostas do Reino Unido para resolver a questão da fronteira irlandesa, alegando não serem suficientemente claras.

Além disso, a escalada da ação militar na Síria, onde os curdos rebeldes agora buscam o apoio das forças do presidente sírio Bashar al-Assad para reverter a incursão da Turquia, criou outro motivo para buscar ativos seguros como ouro.

Enquanto isso, a compra física de ouro por investidores de portfólio continua em ritmo acelerado. A Bloomberg informou que os ETFs adicionaram mais de 80.000 onças de ouro a suas participações na sexta-feira, a vigésima sessão consecutiva de compras líquidas.