ONU pede suspensão da produção de etanol de milho nos Estados Unidos
O diretor geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Francisco Graziano da Silva, pediu aos Estados Unidos a suspensão da produção de etanol a base de milho para evitar uma crise alimentar mundial, em artigo publicado pelo jornal britânico "Financial Times".
"Uma suspensão imediata e temporária da legislação americana, que destina cotas das colheitas de milho para a produção do biocombustível, daria certo alívio ao mercado e permitiria destinar mais grãos à alimentação humana e animal", destacou o diretor da FAO.
A seca que afeta os Estados Unidos teve um grande impacto nas colheitas e provocou fortes tensões nos mercados das commodities agrícolas.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou nesta sexta-feira que a colheita de milho de 2012 será a menor em seis anos, com uma redução de 13% em relação a 2011, totalizando 10,8 bilhões de bushels (um bushel equivale a 25 kg).
O USDA já havia indicado nesta semana que apenas 23% das plantações de milho estavam em um estado bom a excelente, devido às temperaturas de julho, as mais elevadas desde 1895, quando começou o registro, que danificaram os cultivos de modo nunca visto antes deste ano para o caso do milho e desde 2003 para a soja.
"Neste contexto, os preços dos cereais dispararam, com uma alta de quase 40% desde 1º de junho no caso do milho", afirmaram os analistas do grupo de investidores CM-CIC à AFP.
Segundo um relatório da FAO divulgado na quinta-feira, os preços dos alimentos subiram 6% em julho na comparação com junho, o que acabou com três meses consecutivos de baixas.
"Os preços altos penalizam as populações pobres de muitos países que dependem do mercado mundial para importar seus alimentos", admitiu à AFP Abdolreza Abbassian, economista da FAO.
A produção de biocombustíveis (essencialmente etanol e biodiesel) é alvo de críticas há vários anos por provocar um aumento dos preços dos óleos vegetais ou dos cereais a partir dos quais são fabricados, em detrimento da segurança alimentar mundial.
Os Estados Unidos são o maior produtor mundial de etanol, seguido pelo Brasil, que o fabrica a partir da cana de açúcar.
(Com informações da AFP)
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