CDB em banco pequeno rende só 19 cafezinhos a mais e não compensa risco

Quem pretende investir em CDB (Certificado de Depósito Bancário) não deve levar em conta apenas a remuneração prometida pelo banco, mas principalmente a credibilidade da instituição financeira.

Um levantamento feito pelo economista Samy Dana, da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo, mostra que optar por um banco porque ele paga um pouco mais do que outro gera um ganho pequeno, suficiente para pagar apenas 19 cafezinhos em um ano.

O levantamento foi feito em 27 instituições financeiras. Segundo o estudo, os bancos de grande porte pagam pelo CDB, em média, 95% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Os de médio porte pagam em média 99% e os pequenos, 103% do CDI.

O CDI tem se mantido, geralmente, 0,1 ponto abaixo da Selic, que é a taxa básica de juros da economia. Com a Selic em 7,5% ao ano, o CDI tem rendido, assim, 7,4% ao ano.

Com esses dados em mãos, o economista Samy Dana calculou o retorno que um investidor teria se aplicasse R$ 10 mil, por um ano, em CDBs de bancos de todos os portes. Para esse período, há o desconto de Imposto de Renda de 20%.

Num banco de grande porte, o retorno líquido do CDB seria de 5,62% no período. Ao fim de um ano, o investidor teria R$ 10.562.

O valor final para uma aplicação feita em um banco de médio porte, com rendimento líquido de 5,86%, seria R$ 10.586. Se a opção fosse por um banco pequeno, o retorno líquido seria de 6,1% e o valor final, R$ 10.609.

Cliente deve negociar com o gerente

A diferença entre o banco grande e o médio é de R$ 24. Entre o banco grande e o pequeno, de R$ 47. Para o economista, essas diferenças não são suficientes para fazer o investidor optar pelos bancos menores.

"O banco pequeno, para atrair o investidor, precisa oferecer um retorno maior. Mas a diferença entre o banco grande e o pequeno daria para comprar, em um ano, apenas 19 cafezinhos", compara Samy Dana. Ele considerou o preço do cafezinho como sendo de R$ 2,50.

Quem investe em CDB está, na verdade, emprestando dinheiro ao banco. O risco, para quem investe em um banco de pequeno porte, é de que, se a instituição quebrar, o cliente poderá perder dinheiro.

"O investidor tem apenas R$ 70 mil garantidos por CPF pelo FGC [Fundo Garantidor de Crédito]. E, se houver um problema estrutural no sistema financeiro, o FGC, que é uma espécie de seguradora, também pode quebrar."

O conselho do economista é que o investidor opte por bancos maiores e negocie com o gerente.

"Os retornos mostrados na pesquisa são aqueles oferecidos para todos os investidores. Mas o gerente sempre tem uma margem de negociação com o cliente. Dependendo do prazo, do valor do investimento e do relacionamento que ele tiver com o banco, poderá conseguir retornos maiores."