Abilio é eleito para conselho da BRF e descarta deixar Pão de Açúcar
Os acionistas da BRF (Perdigão-Sadia) elegeram, nesta terça-feira (9), o empresário Abilio Diniz como o novo presidente do Conselho de Administração, segundo ata da assembleia divulgada ao mercado. A decisão gera mais controvérsia nas relações entre o empresário e o principal acionista do Pão de Açúcar.
Abilio substituirá Nildemar Secches na presidência do conselho da BRF, executivo que esteve à frente das negociações para a formação da empresa, resultante da incorporação da Sadia pela Perdigão.
A chapa única inclui Sérgio Rosa como vice-presidente do conselho. Rosa foi presidente da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, um dos principais acionistas da BRF.
A indicação de Abilio para a presidência do Conselho da Administração da BRF levantou questionamento sobre possíveis conflitos de interesse, uma vez que o empresário também é o presidente do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar, maior distribuidor dos produtos da BRF.
Abilio promoveu nesta terça-feira um novo leilão de venda de ações preferenciais que possui do Pão de Açúcar, poucas horas antes de ter o seu nome avaliado pelos acionistas da BRF.
Conflito de interesse?
O Casino, que agora controla o Pão de Açúcar, era contra a eleição de Abilio na BRF e disse que os dois cargos são incompatíveis.
Abilio nega que exista conflito de interesse e descarta deixar a presidência do conselho do Pão de Açúcar, informou sua assessoria de imprensa.
"O cargo de presidente do Conselho do Grupo Pão de Açúcar é garantido pelo contrato de acionistas da (holding de controle do Pão de Açúcar) Wilkes de maneira vitalícia", informou a assessoria de Abilio.
O analista William Castro Alves, da XP Investimentos, disse que, embora a questão do conflito de interesse não seja infundada, existem casos no mundo corporativo no exterior similares, com uma mesma pessoa presente em conselhos de empresas com relações comerciais.
O analista não espera alterações drásticas na estratégia da BRF, mas ressaltou que Abilio poderá trazer vantagens à empresa no que diz respeito à atuação no varejo.
"Abilio tem um conhecimento indiscutível em varejo, esse é o primeiro ponto que ele acrescenta à empresa. Ele conhece bem o setor, mas particularmente acho limitada a capacidade dele de exercitar grandes mudanças", afirmou.
Diniz vendeu ações nesta terça, antes da eleição
O empresário Abilio Diniz vendeu nesta terça-feira, em leilão na Bolsa, grande parte da ações preferenciais que tem do Pão de Açúcar.
Após uma tentativa frustrada de fusão com o Carrefour no Brasil, o empresário passou o controle do Pão de Açúcar ao Casino no ano passado. Nesse período, Abilio trocou farpas públicas com os controladores da varejista francesa, que renderam acusações de ambas as partes.
O empresário vendeu R$ 853,342 milhões em ações preferenciais do Pão de Açúcar. Foram vendidos 7,964 milhões de papéis, ao preço de R$ 107,15 cada um.
Mesmo após a venda, Abilio continua com cerca de 9 milhões de ações preferenciais do Pão de Açúcar. O empresário já vendeu esse tipo de papel em outras ocasiões. Em dezembro se desfez de cerca de R$ 200 milhões em ações preferenciais e em janeiro vendeu mais de R$ 1,5 bilhão.
A venda de mais um lote de ações preferenciais do Pão de Açúcar por Abilio era esperada há tempo pelo mercado. Vale destacar que os direitos políticos do empresário na rede varejista estão vinculados às ações ordinárias, e não às preferenciais. Ele tem 19 milhões de ações ordinárias.
(Com Reuters)
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