Brasileiro Roberto Azevêdo assume hoje Organização Mundial do Comércio
O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, 55, toma posse neste domingo (1º) como novo diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio) para um mandato de quatro anos. A entidade internacional regula o comércio entre os países do mundo.
Roberto Azevêdo tem atuado como representante do Brasil na OMC desde 2008 e trabalha com temas econômicos há mais de 20 anos. Em maio, ele venceu a disputa contra o mexicano Herminio Blanco, 62, para substituir no cargo o francês Pascal Lamy.
A OMC atua como "árbitro" em disputas comerciais entre países. O Brasil questionou na entidade, por exemplo, os subsídios dados pelo governo dos EUA à produção de algodão, e aqueles dados pela União Europeia às plantações de açúcar.
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O brasileiro já nomeou representantes de China, Alemanha, Nigéria e Estados Unidos como seus quatro diretores-adjuntos. O chinês Yi Xiaozhun, o alemão Karl-Ernst Brauner, o nigeriano Yonov Frederick Agah e o norte-americano David Shark tomam posse daqui a um mês.
Desafio: retomar negociações de Doha
Um dos grandes desafios de Azevêdo é retomar e concluir a Rodada Doha, uma negociação que começou em 2001 na cidade homônima com o objetivo de liberalizar o comércio mundial dos setores agrícola, industrial e de serviços. As negociações estão paralisadas há quase cinco anos.
A esperança é que se chegue a um acordo, e que ele seja apresentando ao mundo na nona cúpula ministerial da OMC, em dezembro, em Bali (Indonésia). Há temores de que, caso isso não aconteça, a credibilidade da OMC fique em xeque.
Azevêdo defende OMC mais "inclusiva e diversa"
Azevêdo assume o cargo em um "momento difícil e crítico", segundo suas próprias palavras, já que as negociações estão paralisadas há 20 anos e "há riscos importantes para o sistema multilateral de comércio".
Em audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE), ele defendeu a modernização da OMC para torná-la "mais inclusiva e diversa", discutindo temas mais atuais e "sob várias perspectivas, e não apenas sob uma perspectiva homogênea".
Ele diz que, desde a criação da OMC, em 1995, "não houve nenhum resultado negociado multilateralmente". "Isso é muito grave. Temos que mudar esse quadro. Ou nós mudamos ou a organização vai sofrer seriamente. Há uma convicção de todos os membros de que esse quadro precisa ser mudado. A vontade política está presente. E com vontade política tudo é possível", afirmou.
Aos senadores, Azevêdo, afirmou que "o sistema está completamente paralisado", que "nunca houve negociação bem-sucedida" e que é importante "quebrar esse ciclo". Ele definiu o caminho que terá de percorrer à frente da OMC como "árduo, longo e difícil".
(Com agências)
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