Empresários da navegação criticam falta de estudo sobre mudanças climáticas
Seis anos após o lançamento do Plano Nacional Sobre Mudança Climática, em dezembro de 2008, o governo federal ainda não fez um estudo sobre os impactos que as mudanças climáticas podem ter sobre o transporte hidroviário. A ausência de estudos é alvo de reclamações de empresários do setor.
Segundo o governo, uma das principais funções do Plano Nacional Sobre Mudança Climática era identificar os impactos resultantes das mudanças climáticas.
Entretanto, seis anos depois, o Ministério do Meio Ambiente, a ANA (Agência Nacional de Águas) e a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) não realizaram estudos sobre o impacto das alterações climáticas no transporte hidroviário.
Procurados pelo UOL, os três órgãos confirmaram que não fizeram estudos específicos sobre essa questão.
O MMA informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que um plano nacional de adaptação às mudanças climáticas está prestes a ser lançado pelo governo, mas não informou se há dados específicos sobre medidas a serem adotadas pelo setor de transporte fluvial.
A Antaq, também por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não há estudos específicos sobre o tema realizados pelo órgão. O órgão informou que há um estudo sobre os impactos das mudanças climáticas na zona costeira do Brasil, mas ele não trata da navegação fluvial.
A ANA também, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que não há estudos do órgão sobre o tema.
Brasil está atrasado em relação aos EUA
Em relação a países como os Estados Unidos, o Brasil está pelo menos três anos atrasado. Em 2012, o departamento de transportes do governo norte-americano publicou o primeiro plano de adaptação às mudanças climáticas específico para o setor de transportes, com referências aos impactos que elas poderiam ter sobre sistemas hidroviários.
Para o diretor-executivo da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação), Paulo Leismann, a falta de estudos sobre o tema é um dos elementos que traz ainda mais insegurança para os investidores.
“Até agora, não recebemos nenhum estudo sobre como as mudanças climáticas podem nos afetar. Acho que o governo deveria se interessar porque as hidrovias são muito importantes para o país”, afirmou.
O pesquisador sênior e co-fundador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), Beto Veríssimo, diz que é preciso estudar o fenômeno não apenas com o foco no transporte fluvial.
“As mudanças climáticas vão afetar o setor se transportes como um todo, não apenas as hidrovias. Rodovias poderão perto de rios poderão ficar inundadas como aconteceu com a rodovia que liga Rondônia ao Acre no ano passado”, disse referindo-se aos dois meses em que o Estado do Acre ficou isolado por via terrestre em 2014.
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