Produção industrial cai 9% em agosto, pior resultado para o mês desde 2003
A produção industrial brasileira registrou queda de 1,2% em agosto na comparação com julho, pior resultado para o mês desde 2011, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (2). É a terceira baixa seguida.
Na comparação com agosto de 2014, a produção caiu 9%, pior resultado da série para os meses de agosto nessa base de comparação. A série histórica começou em janeiro de 2002, mas a comparação anual só pode ser feita a partir de 2003. É a 18ª queda consecutiva.
As expectativas em pesquisa da agência de notícias Reuters com economistas eram de queda de 1,55% na variação mensal e de 9,5% na base anual.
No acumulado dos últimos 12 meses, houve recuo de 5,7%.
Queda nos investimentos produtivos
Foi registrada forte queda em investimentos produtivos, em meio à recessão e crise política no país, que abalam a confiança dos agentes econômicos.
"Há redução clara dos investimentos, seja da ampliação dos parques ou modernização. Isso é reflexo do momento de dúvidas e incertezas e o cenário econômico em geral", destacou o economista do IBGE André Macedo.
Pouco impacto do dólar caro
Segundo Macedo, o impacto da valorização do dólar sobre o real, de cerca de 50% neste ano até a véspera, ainda é mínimo.
"Olhando para produção e estatísticas de comércio exterior, há uma melhora, mas insuficiente para reverter a trajetória de queda do setor industrial", disse ele.
Produção de caminhões e automóveis desaba
O IBGE apontou que o segmento de Bens de capital --considerado medida de investimento-- foi o que apresentou a maior queda em agosto em relação a julho, de 7,6%, devido à menor produção de caminhões. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, desabou 33,2%.
Também se destacou a queda de 4% de Bens de Consumo Duráveis em agosto, por causa de automóveis e eletrodomésticos. O IBGE destacou que a produção foi afetada pelas férias coletivas em várias fábricas e montadoras.
O único resultado mensal positivo foi registrado por Bens Intermediários, com alta de 0,2% na produção na comparação com julho. Na comparação com agosto de 2014, porém, houve perda 5,5%.
Entre os ramos pesquisados, 14 dos 24 mostraram queda em agosto, sendo a principal influência negativa a queda de 9,4% de veículos automotores, reboques e carrocerias.
Indústria deve encolher em 2015 e 2016
A indústria brasileira vem acumulando resultados negativos ao longo deste ano.
As perspectivas para a indústria no próximo ano também continuam piorando de forma recorrente, e economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central passaram a ver contração em 2016, de 0,60%. Para este ano, a queda estimada é de 6,65%.
"(O setor industrial) continua a enfrentar fortes obstáculos provenientes dos altos níveis de estoques, confiança em mínimas recordes, fardo tributário alto, elevação dos custos da energia e demanda externa fraca", afirmou o diretor de pesquisa econômica do banco Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos, em nota a clientes.
Pressionada pela fraqueza da produção industrial, a projeção para a economia brasileira, que já entrou em recessão técnica, é de retração de 2,80% este ano e de 1% no próximo.
(Com Reuters)
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