Agência coloca nota em revisão e Brasil pode perder 2º selo de bom pagador
A agência de classificação de risco Moody’s colocou a nota de crédito do Brasil em revisão para rebaixamento. Uma revisão significa, normalmente, que uma decisão pode ser tomada em um prazo de 90 dias.
O motivo, segundo a agência, foi a piora das contas públicas, além do agravamento da crise política, em meio à abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A agência disse que a “recuperação econômica e fiscal do Brasil em 2016 agora parece improvável”.
Em agosto, a Moody's já havia cortado a nota do Brasil de "BAA2" para "BAA3", o último degrau do chamado grau de investimento --indicador de que o país ou empresa é considerado um bom pagador, um lugar recomendável para os investidores aplicarem seu dinheiro. Se houver um novo corte pela Moody's, o país perde o selo de bom pagador.
Além da Moody's, o país ainda tem o grau de investimento pela Fitch, outra grande agência de classificação de risco. Já a Standard & Poor’s tirou o selo de bom pagador do país em setembro.
Consequência de um possível corte
Um segundo rebaixamento pode ter impacto no mercado ainda maior do que o primeiro, porque muitos investidores estão impedidos de deter títulos que não tenham o selo de bom pagador por pelo menos duas das três principais agências de classificação de risco.
Com isso, poderia acontecer uma "fuga" de investidores no Brasil.
Além disso, os custos de financiamento para o governo e para as empresas locais ficariam mais caros.
Um segundo corte também pode reduzir o fluxo de entrada de dólares no país, deixando a moeda ainda mais cara. O dólar já acumula alta de mais de 40% ante o real neste ano.
Avaliação de agências indica risco de calote aos investidores
Um governo consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores.
Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e o país tem de pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O país com mais confiança são os EUA.
O chamado grau de investimento indica aos investidores que uma economia tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país terão risco próximo a zero.
Entenda como as agência fazem o cálculo da nota
O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa ou um país.
Ele busca medir a probabilidade de calote de obrigações financeiras. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.
Do ponto de vista econômico, é bastante vantajoso, pois uma vez feito, pode ser utilizado para vários objetivos e por diversas instituições. Com a globalização, o rating se apresenta como uma linguagem universal que aborda o grau de risco de qualquer título de dívida.
Agências de risco falharam na crise
As agências de classificação de risco, que dão notas para países, empresas e negócios, determinando sua suposta credibilidade financeira, foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009.
Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.
O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa, um país, um título ou uma operação financeira.
Ele busca mensurar a probabilidade de calote de obrigações financeiras, ou seja, o não-pagamento, incluindo-se atrasos e ou falta efetiva do pagamento. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.
(Com Reuters)
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