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Questionado por "diversidade", comercial do BB tem mais negros que a média

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Imagem: Reprodução

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/04/2019 12h09

O comercial do Banco do Brasil que foi retirado do ar depois de um pedido do presidente Jair Bolsonaro mostra mais negros do que a média das campanhas publicitárias no Brasil. No ar desde o início de abril, a propaganda do BB foi suspensa no último dia 14 depois que o presidente assistiu ao filme.

A propaganda exibe 14 pessoas, todas com participação parecida no comercial. Dessas, sete são negras --ou seja, metade (50%). Segundo uma pesquisa da agência Heads, divulgada no ano passado, a presença de negros protagonistas nos comerciais não passa de 16%, entre as mulheres, e 11%, entre os homens.

Comercial mostra também transexual

No comercial, os atores são quase todos jovens, há mulheres e homens negros, e uma das personagens é transexual. Muitos aparecem com tatuagens e cabelos coloridos.

A campanha conta com a participação do influenciador da área de games Cellbit, que tem mais de 6 milhões de seguidores no YouTube, e convida o público a abrir uma conta pelo aplicativo do banco.

A iniciativa ainda contaria com uma forte presença no meio digital, com a participação do próprio Cellbit e do apresentador Hugo Gloss e uma esquete no canal humorístico Porta dos Fundos.

A campanha é da agência WMcCann, que ganhou a conta publicitária do banco em agosto do ano passado, depois de uma concorrência pública. A Lew'Lara/TBWA é outra agência que atende a instituição.

O total da verba publicitária é de R$ 500 milhões, para um contrato anual, e que pode ser renovado por até cinco anos.

Projeto quer cota para negros em comerciais

No mês passado, o deputado federal Ossesio Silva (PRB-PE) apresentou o Projeto de Lei nº 1179/2019, que obriga a participação de negros em peças publicitárias, filmes ou programas veiculados pela administração pública federal.

Pelo texto, a norma abrangerá órgãos da administração pública federal direta, autarquias, fundações públicas, empresas públicas e as sociedades de economia mista federais. O objetivo, segundo o parlamentar, é coibir a discriminação racial.

"É necessário aperfeiçoar a legislação para afastar qualquer dúvida sobre a obrigatoriedade de participação de pessoas da raça negra nas peças publicitárias patrocinadas por órgãos e entidades da administração direta e indireta da União", declarou o deputado.

Regra parecida já vale no Rio

Uma regra parecida já vale no Rio de Janeiro desde o começo deste mês. No estado, todos os comerciais que forem assinados pelo governo do estado do Rio de Janeiro deverão observar a "representação étnico-racial afrodescendente".

Segundo a norma, é preciso que pelo menos metade dos atores seja de origem afrodescendente.