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Para os anunciantes, ainda vale a pena apostar na marca Neymar Jr?

Nike, Gillette, Red Bull, Mastercard e Semp TCL são alguns dos patrocinadores do atleta - Reprodução
Nike, Gillette, Red Bull, Mastercard e Semp TCL são alguns dos patrocinadores do atleta Imagem: Reprodução

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/06/2019 19h48

O nome do craque Neymar Jr. está mais uma vez envolvido em polêmica. A acusação de estupro que pesa sobre o jogador preocupa (e muito) alguns de seus patrocinadores.

Em nota, a Nike afirmou estar "profundamente preocupada com as acusações" e disse que "segue acompanhando de perto a situação". A Red Bull, por sua vez, disse ser "de responsabilidade das autoridades públicas determinar os fatos reais por trás desta séria alegação".

Depois de tantas polêmicas, ainda vale a pena para os anunciantes apostarem no jogador como garoto-propaganda?

No final de abril, o jogador se envolveu em uma confusão após a derrota do PSG na final da Copa da França. Filmado pelos torcedores rivais enquanto subia as escadas da arquibancada para receber as medalhas do vice-campeonato, o brasileiro se incomodou com algo dito por um deles e chegou a agredir um torcedor com um soco no rosto.

Marca tentou passar imagem de um novo homem

njr - Reprodução - Reprodução
Desabafo patrocinado de Neymar não fez sucesso em 2018
Imagem: Reprodução

Na Copa do Mundo da Rússia, há menos de um ano, Neymar ficou dividido entre suas atuações abaixo do esperado e a fama de "cai-cai", com imagens e brincadeiras que rodaram todo o planeta. Depois do torneio, o jogador e a Gillette ainda tentaram limpar a barra do atacante com um "comercial-manifesto".

A ideia da marca era aliar o discurso de um "novo homem todo dia" à necessidade de Neymar mostrar que "mudou" após a passagem pela Rússia, que abalou a imagem do jogador. O vídeo acabou tendo repercussão negativa --pelo simples fato de até seu "desabafo" ser patrocinado.

"Muitos atletas são utilizados por causa de seu alto rendimento. Mas nem sempre uma excelente performance é sinônimo de reputação ilibada", disse Dario Menezes, especialista em reputação de marcas e diretor do Grupo Caliber.

Especialista aposta em menos intensidade

Para o executivo, o grande erro acontece quando as marcas usam apenas o endosso de um atleta para vender seus produtos. "Não utilizaria os atletas com a intensidade que algumas marcas usam. Acho que o atleta pode ser específico para algumas ações, em ocasiões especiais. É um endosso que alavanca, mas, ao mesmo tempo, pode ser negativo ao longo prazo", declarou Menezes.

Para Ivan Martinho, professor de Marketing Esportivo da Pós-Graduação da ESPM/SP, a sequência de polêmicas é extremamente negativa para o atleta.

"Mesmo sendo ainda apenas uma história que não se comprove, são muitas confusões seguidas. Um patrocinador novo vai pensar se vale a pena se associar a essa imagem. Fica mais difícil conseguir um novo patrocínio. O Neymar vem em uma sequência ruim fora e dentro do campo", disse Martinho.

Quinze marcas na Copa

No ano passado, Neymar chegou ao Mundial da Rússia com contratos fechados com mais de 15 marcas.

Nike, Gillette, Red Bull, Gol Linhas Aéreas, Mc Donald's, Café Pilão, Cerveja Proibida, suplementos de Sidney Oliveira e até mesmo as baterias Heliar tinham acordos com o jogador. Na Copa de 2014, disputada no Brasil, também foram 15 os patrocinadores do atleta.

Neymarcas - Reprodução - Reprodução
Site do jogador, hoje, possui 11 patrocinadores
Imagem: Reprodução

Agora, em seu site, figuram menos marcas. Nike, Gillette e Red Bull permanecem desde ano passado, ao lado de companhias como Mastercard, Semp TCL e EA Sports.

"As marcas esperam ter alguma diferenciação com os seus patrocinados, a partir do seu posicionamento de marca. Se o embaixador escolhido pelo anunciante possui um portfólio muito amplo de marcas, a empresa só consegue emprestar um pedaço da sua atenção para a sua marca. Isso pulveriza o patrocínio, o que pode até se tornar negativo para o anunciante", afirmou Menezes.

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