MPT e agências firmam pacto por mais negros no mercado publicitário
Um pacto firmado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e por 15 das maiores agências de propaganda do país busca mais espaço para profissionais negros no mercado publicitário nacional. O documento foi assinado formalmente hoje, durante o Festival do Clube de Criação, em São Paulo.
As agências que assinaram o pacto são: Africa, Artplan, FCB, F/Nazca S&S, DPZ&T, Wunderman Thopmson, Leo Burnett Tailor Made, Mutato, Ogilvy, Publicis, SunsetDDB, Talent Marcel, Tribal, WMcCann e Y&R. O documento também tem a participação da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), do Meio & Mensagem e da Editora Referência, que publica o jornal Propaganda & Marketing.
As agências precisarão elaborar um censo de empregados, com recorte de raça/cor e gênero, de forma global e com indicadores de gerência e diretorias, possibilitando a criação de um Observatório permanente. Também precisarão divulgar um organograma da empresa para todos os trabalhadores, com informações de raça/cor e gênero nos cargos, funções, gerências e diretorias.
Adesão ao projeto é voluntária
Nos últimos seis meses, o MPT fez reuniões com o RH das agências para apresentar o projeto, capitaneado pela procuradora do trabalho Valdirene de Assis. A adesão ao projeto é voluntária. Em seguida, o acordo foi assinado pelos presidentes e CEOs de cada empresa.
"A adesão não é coercitiva. Faz parte de um esforço grande de diálogo das agências e das associações. Temos que trabalhar na construção da inclusão e acolhimento destes profissionais ao lado dos responsáveis pelas agências", declarou Valdirene Dias de Assis, coordenadora nacional de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade) do MPT.
O documento lista ações que podem direcionar o trabalho das agências, como campanhas internas, capacitações profissionais, ações de educação para lideranças e recrutadores, além de processos seletivos direcionados. O trabalho das agências será acompanhado pela promotoria do trabalho, com reuniões periódicas, relatórios semestrais e uma avaliação final.
"A publicidade é um segmento muito estratégico. Quando o setor adere ao pacto, a mensagem é de que a inclusão é possível, um ideal que pode se materializar. Temos informações enviadas por coletivos de publicitários negros que afirmam que algumas contratações já estão acontecendo. A confiança no êxito do projeto é muito grande", afirmou a procuradora, gerente do projeto social pela inclusão de jovens negras e negros no mercado de trabalho.
Projeto-piloto qualificou 82 jovens de Salvador
O compromisso das agências passa por ajudar a qualificar jovens negros na profissão e, para isso, foi criado o programa "Conexão Negra". O piloto foi realizado em Salvador (BA), entre maio e setembro. Durante três meses, 82 jovens participaram de palestras e aulas com publicitários de agências como Africa, Converse, Morya, Mutato, SLA e Y&R.
Os encontros foram na sede do Grupo Cultural Ilê Aiyê, com apoio do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia (Sinapro/Bahia), Cáritas Brasileira, Pacto Global e ONU Mulheres. A entrega dos certificados aconteceu no sábado (14).
As próximas edições do "Conexão Negra" devem acontecer em São Paulo e no Rio de Janeiro.
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