CVM proíbe empresa do "rei do bitcoin" de atuar; multa é de R$ 100 mil/dia
Lucas Gabriel Marins
Colaboração para o UOL, em Curitiba
02/10/2019 15h41
Resumo da notícia
- CVM impede Grupo Bitcoin Banco de oferecer investimentos públicos
- Empresa não tem autorização para operar, segundo o órgão que fiscaliza o mercado financeiro
- Se descumprir a determinação, empresa está sujeita a multa de R$ 100 mil por dia
- Em nota, empresa diz que acatará as recomendações do órgão
- WeMake Capital também foi impedida pela CVM de ofertar investimentos públicos
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) determinou que o Grupo Bitcoin Banco e seus sócios parem de oferecer ao público títulos ou contratos de investimento coletivo. Em caso de descumprimento, estão sujeitos a multa diária de R$ 100 mil. Um dos donos da empresa, com sede em Curitiba (PR), é o empresário Claudio Oliveira, conhecido como "rei do bitcoin".
No mesmo comunicado, a CVM proibiu a WeMake Capital, empresa que afirma trabalhar com trade, mineração e arbitragem, de ofertar publicamente títulos ou contratos de investimento coletivo. A multa imposta em caso de descumprimento também foi de R$ 100 mil por dia. Casos semelhantes envolvem as empresas XM Global, Investimento Bitcoin, Unick Forex e Atlas Quantum.
Sem autorização para operar
A Clo Participações e Investimentos —holding que administra o grupo— e seus sócios também foram citados pela CVM. No comunicado, o órgão responsável por fiscalizar o mercado financeiro alertou que as empresas não têm autorização para oferecer investimentos.
"Esta autarquia constatou que os envolvidos vêm oferecendo oportunidade de investimento cuja remuneração estaria atrelada à negociação de criptoativos por equipes de profissionais, utilizando-se de apelo ao público para celebração de contratos que, da forma como vêm sendo ofertados, enquadram-se no conceito legal de valor mobiliário."
Grupo diz que irá acatar decisão
O Grupo Bitcoin Banco informou, por meio de nota, que "preza pelo bom relacionamento com a entidade e irá acatar 100% das orientações realizadas pela CVM, até que seja concluído um estudo pormenorizado de seu corpo jurídico".
A empresa afirmou, ainda, que agradece a autarquia por buscar um diálogo aberto para o "alinhamento das atividades e entendimento da necessidade de registros, ou dispensa deles, visando a um aperfeiçoamento constante da sua atuação nesse mercado".
Crise na empresa começou em maio
A crise do Grupo Bitcoin Banco começou em maio, quando clientes deixaram de conseguir fazer saques nas plataformas de negociação de criptomoedas da empresa, a NegocieCoins e a TemBtc. Desde então, a sede da empresa foi alvo de mandados de busca e apreensão e Oliveira teve os bens bloqueados pela Justiça do Paraná.
A empresa alega que foi vítima de uma ação criminosa, e que clientes teriam se aproveitado de uma brecha nas plataformas para fazer saques indevidos. O golpe teria envolvido R$ 50 milhões.
A empresa também diz que o atraso nos pagamentos aos seus clientes se deve às ações movidas contra a empresa, que travam a liberação de recursos. Só nos tribunais de Justiça do Paraná e de São Paulo, segundo apuração do UOL, há cerca de cem processos que envolvem o Grupo Bitcoin Banco e seus proprietários.