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Guedes quer vender já a "porra" do Banco do Brasil; Bolsonaro fala em 2023

Gabriela Sá Pessoa

Do UOL, em São Paulo

22/05/2020 20h22

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na reunião ministerial de 22 de abril que o Banco do Brasil "é um caso pronto de privatização". Ele comparou o BB a outros bancos públicos e disse que tem que "vender essa porra": A conversa consta na gravação em vídeo da reunião, tornada pública hoje por decisão do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal).

"O BNDES e a Caixa, que são nossos, públicos, a gente faz o que a gente quer. Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada, e tem um liberal lá. Então tem que vender essa porra." O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), reagiu ao diálogo com risadas e disse que a privatização do banco só seria discutida em 2023, num eventual segundo mandato de seu governo.

Banco amarrado

O Banco do Brasil é uma empresa de economia mista e faz parte da administração pública indireta. O banco tem capital aberto, mas a maior parcela das ações com direito a voto pertence ao governo. Nas palavras de Paulo Guedes, "não é tatu nem cobra, porque ele não é privado, nem público".

O ministro reclamou que não consegue fazer as coisas que o governo quer. Guedes diz que o presidente do BB, Rubem Novaes, é "superliberal", mas se pedir para ele baixar os juros, ele vai dizer que não pode, porque os acionistas minoritários serão contrários. Se pedir para subir os juros, ele vai dizer que não pode porque o governo é contra. "O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização", afirmou o ministro.

Guedes insistiu três vezes com o presidente do Banco do Brasil: "Confessa o seu sonho [de privatizar]". Bolsonaro tentou impedi-lo duas vezes: "Faz assim: só em [dois mil e] vinte e três você confessa, agora não".

Até que Rubem Novaes cede: "Em relação (risos) à privatização, eu acho que fica claro que com o BNDES, cuidando do desenvolvimento, e com a Caixa cuidando da área social, o Banco do Brasil estaria pronto para um programa de privatização, né?"

"Isso aí... Isso aí só se discute, só se fala isso em vinte e três, tá?", cortou Bolsonaro.

Rubem Novaes concluiu o diálogo sobre o banco, propondo a criação de um seminário. Afirma que o BB tem privilégios históricos — como administrar folhas de pagamento do funcionalismo e depósitos judiciais. Diz ainda que a instituição paga "muito caro por antigos privilégios" e que "fica só o lado ruim de ser estatal, pesando no Banco do Brasil".

"A gente não tem a mesma facilidade de contratação, a gente não tem a mesma facilidade de demissão de maus funcionários. Quer dizer, tudo tem que submeter ao governo, tem o Tribunal de Contas travando tudo, não é? Tribunal de Contas é, hoje em dia, é uma usina de terror", afirmou o presidente do BB.