Guedes cita inflação 'começando a generalizar' para explicar auxílio menor
O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu hoje o valor médio estipulado para a nova rodada de pagamentos do auxílio emergencial, de R$ 250, argumentando não ser possível "dar um cheque em branco" porque a inflação e os juros podem disparar.
"Se fizermos isso [dar um auxílio maior], a inflação, que está subindo rapidamente, vai passar de 6% [ao ano] até julho. Por enquanto está setorial, mas está começando a ficar generalizada. Aí ela vai embora, vai para 7%, 8%. Juro vai para 9%, 10% [ao ano]. Aí o Brasil começa a entrar em colapso por falta de compromisso com o protocolo fiscal", explicou Guedes em evento virtual promovido pelo site JOTA.
No mês passado, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) — que mede a inflação oficial no país — acelerou a 0,86%, após fechar em 0,25% em janeiro. Foi o maior resultado para fevereiro desde 2016, quando o índice registrado foi de 0,9%.
Tem uma falsa narrativa de que estamos contra os mais pobres. Não. Se [o governo] fizesse cheque em branco, em vez de ficar nos R$ 44 bilhões calculados [pela PEC Emergencial], a inflação ia embora, e quem vai pagar mais são exatamente os 50% mais frágeis da população brasileira.
Paulo Guedes, ao justificar redução no auxílio
O ministro também comemorou a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 186/2019, chamada da PEC Emergencial. Segundo Guedes, a pauta de reformas começou a ser destravada no Congresso após a eleição de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para as presidências da Câmara e do Senado, respectivamente.
"Tivemos aprovações de importantes reformas em intervalo de semanas. Destravando a pauta de reformas, o Brasil será a maior fronteira de investimentos do ano de 2021", afirmou.
Aprovada nesta madrugada pela Câmara, a PEC Emergencial libera R$ 44 bilhões fora do teto de gastos para a recriação do auxílio emergencial, além de impor mais rigidez para a aplicação de medidas de ajuste fiscal, controle de despesas com pessoal e redução de incentivos tributários.
O governo e a equipe econômica sofreram duas derrotas na tramitação da proposta na Câmara. Na quarta-feira (10), durante a votação em primeiro turno, os parlamentares retiraram do texto o trecho que acabava com repasses obrigatórios de recursos a fundos, despesas e órgãos específicos.
A segunda derrota veio no segundo turno de votação, na quinta-feira (11). Os parlamentares aprovaram a retirada dos trechos que impedem progressões e promoções de carreira de servidores e agentes públicos. Com isso, todos os servidores seguirão com o direito de avançar nas carreiras, aumentado seus salários, mesmo em casos de emergência fiscal ou calamidade pública.
A mudança, apresentada em destaque pelo bloco PSL-PL-PP, é vista como "fogo amigo" porque surgiu de um acordo entre o próprio governo e a maior parte dos partidos da base aliada, ainda durante o primeiro turno de votação. Crítico dos servidores, Guedes defendia a proibição das progressões e promoções para ajudar na recuperação das contas públicas, mas acabou derrotado.
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(Com Agência Câmara e Estadão Conteúdo)
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