A história de fracasso da cia aérea da Hooters, a lanchonete sexy dos EUA
Famosa pelas garçonetes em trajes sensuais, a rede de lanchonetes Hooters já se aventurou por voos bem mais altos. Em 2003, a rede chegou a criar a sua própria companhia aérea, levando para os céus o mesmo conceito de atendimento que fornecia em suas lanchonetes.
A bordo, as Hooters Girls atendiam os passageiros vestindo os curtos shorts laranjas e as apertadas camisetas brancas.
Com esse conceito completamente informal, era uma companhia de baixo custo voltada ao passageiro de lazer. A Hooters Air nasceu após Robert Brooks, um dos donos da rede de lanchonete, comprar a Pace Airlines e rebatizar a companhia.
A compra da Pace Airlines foi feita em dezembro de 2002 e em março do ano seguinte os aviões já voavam pintados com a marca da Hooters Air. A frota da companhia aérea era formada por seis aviões Boeing 737 e um Boeing 757.
Com sede em Myrtle Beach, na Carolina do Sul (EUA), a Hooters Air operava voos principalmente para destinos turísticos nos Estados Unidos e Caribe, como Fort Lauderdale, Orlando, Las Vegas, Nova York e Bahamas. No total, foram 15 destinos servidos pela companhia aérea.
Hooters Girls não eram comissárias
O grande diferencial da Hooters Air era justamente o seu serviço de bordo. A cada voo, duas garotas com o mesmo uniforme da rede de lanchonetes atendiam os passageiros. No entanto, elas não tinham todas as funções de uma comissária de bordo.
As Hooters Girls podiam apenas auxiliar no momento de servir as refeições e, principalmente, entreter os passageiros durante o voo. É que as meninas não recebiam o treinamento completo de segurança exigidos pelas autoridades aeronáuticas. Em geral, eram garçonetes de algum restaurante da rede.
Assim, as Hooters Girls não podiam exercer nenhuma função operacional a bordo, como fechamento das portas ou mesmo empurrar o carrinho de comida. Por isso, além das duas Hooters Girls, a empresa ainda tinha a obrigação de manter uma equipe completa de comissárias de bordo para garantir a segurança do voo.
As comissárias de verdade tinham um uniforme bem mais discreto e bastante similar aos usados por outras companhias aéreas. Elas usavam uma saia e um blazer azul-marinho, além de uma camisa social branca e um lenço laranja no pescoço.
Baixo custo com conforto
Embora a Hooters Air se autodenominasse uma companhia aérea de baixo custo, a empresa removeu algumas fileiras de assentos da aeronave para fornecer uma distância maior entre as poltronas. O espaço de 86 cm para todos os passageiros era comparável ao oferecido por muitas classes executivas de outras companhias aéreas.
Além disso, em uma época em que muitas companhias aéreas de baixo custo reduziam alimentação e bebidas dos voos em um esforço para cortar despesas, a Hooters Air servia refeições gratuitas a todos os clientes em viagens com duração superior a uma hora.
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Quero receberAérea durou só três anos
A aventura de levar o conceito das lanchonetes sexy para uma companhia aérea durou pouco tempo. Em apenas três anos, a Hooters Air encerrou suas operações. A empresa continuou operando apenas voos fretados, mas com a bandeira da Pace Airlines.
Apesar do conceito inovador e até polêmico, o fim prematuro da Hooters Air foi visto na época como uma consequência da situação do mercado aeronáutico. A aviação ainda se recuperava da crise causada pelos ataques de 11 de setembro de 2001, e novas empresas de baixo custo acirravam a concorrência no mesmo segmento da Hooters Air.
A alta no preço do combustível foi o ponto final para decretar o fim da companhia aérea. Nos três anos em que ficou em operações, o valor do querosene de aviação mais do que triplicou. Estima-se que a Hooters Air tenha causado um prejuízo de US$ 40 milhões ao grupo no período em que ficou em funcionamento.
A rede já teve quatro restaurantes em São Paulo. A inauguração da primeira unidade aconteceu em 2002, mas em 2019 o grupo encerrou sua operações no Brasil.
*Com reportagem de dezembro de 2020