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Associação do transporte deve paralisar caminhoneiros, diz diretor da FNP

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/03/2022 19h21

Caminhoneiros da ANTB (Associação Nacional de Transporte do Brasil) devem paralisar em protesto ao aumento dos combustíveis anunciado hoje pela Petrobras, afirmou Adaedson Costa, diretor da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) e do SindiPetro-LP (Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista).

Em entrevista ao UOL News, ele disse que representantes da associação do transporte sinalizaram a paralisação como resposta ao preço do frete "inviável" para os trabalhadores. A CNTA (Confederação Nacional de Transportadores Autônomos) também decidiu parar os caminhões em suas bases e não fazer novas viagens até que as condições financeiras sejam restabelecidas.

Começou a valer hoje o reajuste nos preços da gasolina, diesel e GLP, o gás de cozinha, anunciado pela Petrobras. O aumento vale para as distribuidoras, e depende do repasse de cada revendedor para chegar ao consumidor final.

Costa disse que o aumento dos combustíveis traz impacto direto não só nos caminhoneiros, mas para todos os brasileiros, pois o insumo é o principal da cadeia econômica do país.

"O que mais ficamos apavorados é que tudo isso é fruto de uma política", criticou. "É estarrecedor não termos uma política de amortização. E não são os três projetos de lei que estão tramitando que vão trazer a solução do problema A solução do problema está exatamente na política de preços, que é o PPI."

O chamado preço de paridade de importação (PPI) é o custo do produto importado trazido ao país. A atual política de preços da Petrobras busca seguir o PPI, para evitar prejuízos, considerando indicadores como o valor do barril do petróleo e o dólar. No entanto, a empresa tem demorado a fazer reajustes, alegando que assim evita repassar volatilidades internacionais ao mercado interno.

"Essa solução é mais simples do que se imagina, não precisa de lei. A constituição de preços da Petrobras não é lei, é política. Do mesmo jeito que em 2016 o [Michel] Temer mudou a política de preços da Petrobras incorporando o PPI, isso pode ser desincorporado agora", avaliou o diretor da FNP.

Reajuste afeta mais famílias de baixa renda

O coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Guilherme Moreira, também criticou o reajuste dos combustíveis, que afeta principalmente as famílias de baixa renda.

"Quando se fala dos combustíveis, temos que lembrar que são três coisas envolvidas: a gasolina, o diesel e o gás de cozinha. Na gasolina, os impactos secundários são menores, pois tem substitutos mais fáceis e não tem um impacto social tão grande", disse, em entrevista ao UOL News.

"Mas temos que lembrar o diesel é um consumo básico na nossa economia, portanto, está no custo de tudo que consumimos. A consequência da combinação do aumento do diesel com o do GLP é que vai aumentar o preço de frete, incluindo da alimentação, e o gás de cozinha — que já subiu muito no ano passado e continua subindo neste também", completou.

Moreira destacou que famílias com renda de até três salários mínimos gastam a maior parte do orçamento em alimentação e habitação. Em fevereiro, a inflação da alimentação foi de 60%. Os gastos com habitação incluem basicamente aluguel, energia e gás de cozinha — todos com grandes aumentos no último ano.

"Levando tudo isso em consideração, significa que essas famílias especialmente de baixa renda estão com uma perda de poder de compra muito grande, que não foi reposta desde 2020."

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(*Com informações da Reuters)