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Pão e macarrão no Brasil ficarão mais caros por causa da guerra na Ucrânia

As altas do pão francês (foto) e os combustíveis são vão entrar na inflação do próximo mês - Foto: Leonardo de França/Midiamax
As altas do pão francês (foto) e os combustíveis são vão entrar na inflação do próximo mês Imagem: Foto: Leonardo de França/Midiamax

Colaboração para o UOL, em Brasília

14/03/2022 15h28

Os preços dos derivados de trigo devem subir nas próximas semanas em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, projetou a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi).

Segundo a entidade, o Brasil produz menos da metade do trigo consumido e precisa importar grandes quantidades do cereal de países do Mercosul —sobretudo da Argentina—, do Canadá e dos EUA, informa a associação.

O comunicado ocorre depois de a Petrobras anunciar reajustes nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, pressionada pelo avanço das cotações do petróleo em meio ao conflito no leste europeu.

As altas entraram em vigor na sexta-feira (11). No caso da gasolina, o reajuste para as distribuidoras foi de de 18,8%. O preço médio nas refinarias da estatal passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro.

Para o diesel, o aumento foi ainda maior, de 24,9%. O valor subiu quase R$ 1 por litro, de R$ 3,61 para R$ 4,51. Segundo o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), foram os maiores reajustes ao menos desde o início da política atual de preços, em 2016.

Leia a nota oficial

"A Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI), como representante das categorias, esclarece como os conflitos entre Rússia e Ucrânia impactam no preço dos insumos na cadeia produtiva e no valor final dos produtos.

A Rússia é o maior exportador de trigo do mundo e tem sido afetado economicamente pelo conflito com a Ucrânia - juntos, os dois países respondem, em média, por 30% das exportações mundiais de trigo.

Além da queda na oferta de trigo, fator da alta dos preços, o desabastecimento tem a ver com dificuldades logísticas - a guerra fechou portos, interrompeu o transporte - e com a queda da produção ucraniana da commodity.

O Brasil produz menos da metade do trigo consumido e precisa importar grandes quantidades do grão de países do MERCOSUL - sobretudo da Argentina -, do Canadá e dos Estados Unidos.

A elevação do preço do grão, impacta diretamente os valores de produção para os fabricantes das categorias representadas pela ABIMAPI. Nas massas, em média, 70% do custo é de farinha. Nos biscoitos, o peso é de 30%, e nos pães e bolos industrializados, de 60%.

A disparada da cotação do trigo começa a ser sentida pelos fabricantes nas negociações com os fornecedores, porém existe a entrega de farinha compromissadas em contratos antigos.

O que se pode afirmar é que haverá reajustes de preços nas próximas semanas, mas, com o horizonte indefinido, já que a cada notícia da guerra, o preço do trigo no mercado internacional oscila para cima ou para baixo com valores expressivos.

O consumidor brasileiro deve começar a sentir os efeitos em breve, quando as indústrias comprarão as novas safras.

As indústrias estão com estoques relativamente curto, pois estão no início da entressafra de trigo, lembrando que o produto acabado também não tem estoques e que varia muito de empresa para empresa. De todo modo, este repasse tende a ser gradual, pois não há espaço para elevar os preços de uma só vez para o consumidor final.

A ABIMAPI está acompanhando de perto os desdobramentos e impactos para o setor."