IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

MTST protesta em empresa que foi notificada após aumento dos combustíveis

Militantes do MTST protestam em frente à sede da Acelen, em São Paulo - Reprodução/Instagram
Militantes do MTST protestam em frente à sede da Acelen, em São Paulo Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o UOL

14/03/2022 09h24Atualizada em 15/03/2022 07h44

Militantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) protestam na manhã de hoje em frente à sede da Acelen - administradora da Refinaria de Mataripe -, em São Paulo, após novo reajuste nos preços dos combustíveis anunciado pela Petrobras.

A Petrobras anunciou na quinta-feira (10) reajustes nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. No caso da gasolina, o reajuste para as distribuidoras é de 18,8%. O preço médio nas refinarias da estatal passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Para o diesel, o aumento é ainda maior, de 24,9%. O valor subirá quase R$ 1 por litro, de R$ 3,61 para R$ 4,51.

"O escracho realizado na sede da Acelen, em São Paulo, empresa que comprou uma das refinarias da Petrobras, simboliza a resistência e o grito de quem não aguenta mais tanto descaso e desprezo pela classe trabalhadora!", escreveu o MTST nas redes sociais.

A Acelen, empresa criada pelo Mubadala Capital, assumiu a antiga Refinaria Landulpho Alves, em São Francisco do Conde, na Bahia, em dezembro do ano passado.

"Trabalhadoras, trabalhadores e suas famílias sentem, cada vez mais, o impacto do preço do diesel e da gasolina, com o gás de cozinha, alimentos e transporte cada vez mais caros e massacrando a vida da população", diz outro trecho da publicação do MTST.

Em uma nota divulgada em seu site, a Acelen afirma que os preços dos produtos produzidos pela Refinaria de Mataripe seguem "critérios de mercado que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete".

"Nos últimos dez dias, com o agravamento da crise gerada pelo conflito entre Russia e Ucrânia, o preço internacional do barril de petróleo disparou, superando os US$115 por barril, o que gerou impacto direto nos custos de produção", argumenta a empresa.

Em nota enviada ao UOL, a Acelen diz que não houve manifestação em frente à sede da empresa em São Paulo, mas apenas um "grupo de aproximadamente cinco pessoas colando cartazes e pichando o asfalto em frente ao prédio". "A Acelen manifesta repúdio a qualquer ato de vandalismo e depredação aos patrimônios público e privado."

Governo notifica Acelen e Petrobras

A Petrobras e a empresa Acelen foram notificadas pela Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), ligada ao Ministério da Justiça, para que esclareçam sobre o aumento de 18,8% da gasolina e de 24,9% no diesel, anunciado na quinta-feira. A notificação foi feita na noite de quarta-feira ainda, após o registro de filas de consumidores em postos de abastecimento em todo o País, segundo informou o Ministério da Justiça.

O anúncio dos aumentos de preços da gasolina, diesel e gás de cozinha foi feito ainda na manhã desta quinta-feira pela Petrobras, após quase dois meses com os preços congelados. Poucas horas após o anúncio, motoristas já formavam filas em vários postos de combustíveis pelo País para conseguir abastecer antes da alta dos preços.

"Esse movimento da Petrobras vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda", informou a Petrobras ontem em nota, referindo-se aos aumentos promovidos este ano pela Acelen, controladora da refinaria de Mataripe, na Bahia, única refinaria vendida pela Petrobras até o momento, e que estão acima do preço da estatal.

Petrobras aplicou reajustes 13 vezes desde janeiro de 2021

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostra que a Petrobras já aumentou a gasolina 13 vezes desde janeiro de 2021, quando teve início a escalada de preços de combustíveis no Brasil. No caso do diesel foram 11 aumentos no período.

A conta faz parte de levantamento realizado pelo Observatório Social da Petrobras, organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e que monitora as políticas e ações da empresa.

O mega-aumento desta quinta-feira foi o maior de todo o período, segundo o levantamento. O primeiro reajuste foi em 12 de janeiro, com alta de 4,9% no preço da gasolina e de 8,1% no litro do diesel S-1.

Antes desta quinta, o maior aumento havia sido registrado em 19 de fevereiro de 2021. Na época, a gasolina ficou 10,2% mais cara e o diesel, 15,2%