Governo avalia produzir alga para substituir potássio, diz jornal
Com o objetivo de reduzir a dependência do Brasil na importação de fertilizantes - que em geral vêm da Rússia -, o governo federal quer produzir uma alga exótica que é usada para fazer biofertilizantes em áreas do litoral do Nordeste. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com o jornal, o biofertilizante já é utilizado por alguns produtores rurais, mas a ideia seria criar "fazendas marinhas" dessas algas (Kappaphycus alvarezii) para expandir a disponibilidade e a utilização dele na agricultura.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a exportação de fertilizantes foi prejudicada. Segundo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, o Brasil ainda não sofre com a falta do produto, mas medidas devem ser tomadas para evitar a escassez nas safras futuras.
Ao Estadão, o ministro da Pesca, Jorge Seif Júnior, lembrou que as macroalgas usadas como fertilizantes já são produzidas há tempos no litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Ele defendeu que no Nordeste a produção poderia ser bem maior, por conta das condições climáticas favoráveis, além do mar ter maior salinidade.
"Estamos atuando junto ao Ibama para que essa produção possa ser estendida ao Nordeste brasileiro. Lá no Nordeste, graças à incidência solar e temperatura, podemos produzir dez vezes mais do que produzimos no Sul do Brasil", disse Seif Júnior, em vídeo publicado em redes sociais.
"A nossa secretaria não é só tilápia, camarão e atum. Nós também regulamentamos a produção de macroalgas, que podem contribuir com a independência brasileira desses insumos", completou.
Especialistas ouvidos pelo Estadão, porém, são cautelosos em relação a essa alternativa, uma vez que as algas, originais das Filipinas, podem acabar se alastrando e comprometendo recifes de corais e espécies de peixes.
"Uma das principais causas de perda de biodiversidade no planeta é a introdução de espécies invasoras. O Brasil é dono de uma das maiores biodiversidades do planeta. Não se trata de ser contra o cultivo de algas, mas do fato de termos espécies nativas que podem ser usadas para isso", disse Ana Paula Prates, especialista em Biodiversidade Marinha do Instituto Talanoa, ao jornal.
Em nota, a SEP (Secretaria de Aquicultura e Pesca) argumentou que as linhagens das algas que são produzidas no Brasil não se reproduzem de forma espontânea, (não esporulam, ou seja, não tem reprodução assexuada), sendo que sua propagação acontece a partir de mudas, que não se fixam naturalmente, como em rochas, navios, lixo entre outros".
O cultivo das algas é feito por meio de um tipo de rede de contenção na qual as algas são amarradas e ficam boiando e onde se reproduzem rapidamente. Segundo a secretaria, quando alguma se solta dessa rede por algum motivo, "são carregadas para praia, onde perdem água e morrem em poucos dias por desidratação".
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