Série documental do UOL mostra bastidores do esquema de abuso de Saul Klein
O empresário Saul Klein é acusado de comandar uma rede de aliciamento e estupro de mais de 14 mulheres. Desde setembro de 2020, a investigação do caso passou por quatro delegados diferentes e, atualmente, está em fase de investigação policial. A história, que foi detalhada pela primeira vez pela reportagem "O harém do príncipe", de UOL Esporte, e tema da série de reportagens "O Esquema de Saul Klein", de Universa, agora faz parte da série documental "Saul Klein e o Império do Abuso", que estreia nesta terça, dia 29 de março.
Cinco mulheres que acusam o filho do fundador das Casas Bahia foram entrevistadas para o documentário. Elas trazem imagens exclusivas e detalhes sobre como Saul as teria machucado física e psicologicamente, transmitido doenças venéreas e estruturado uma organização criminosa com funcionários que eram pagos para alimentar o esquema de abuso em seus imóveis em Barueri e Boituva, em São Paulo.
"Tinha uma pessoa para te ensinar a voz que você ia fazer para ele [Saul]. Outra te ensinava como você ia sentar. É uma rede montada para satisfazer um homem. E ele banca tudo isso."
Com direção da documentarista Paula Sacchetta, a série é produzida por MOV, a produtora de vídeos do UOL, e conta com um minucioso trabalho de apuração de Universa. Em três episódios, narra desde as promessas de trabalho que levaram as mulheres a caírem na suposta armadilha até a decisão de denunciá-lo em busca de justiça.
Em algumas ocasiões, durante contato sexual com o empresário, as vítimas dizem que pediam para parar e choravam, mas eram repreendidas pelas "mais velhas", como eram chamadas as aliciadoras de Saul Klein — entre elas Ana Paula Fogo, a "Banana", também entrevistada para o documentário: "Eu aceito o ódio de muitas meninas porque eu acatava 100% o que ele falava e falava para elas. Até porque ele dizia que alguém tinha que morder pra ele assoprar", diz Ana Banana.
A defesa de Saul, representada pelo advogado André Boiani e Azevedo, aponta que o empresário atuava como "sugar daddy", termo que designa homens mais velhos que têm o fetiche de sustentar financeiramente mulheres mais novas em troca de afeto e/ou relações sexuais. Boiani diz ao documentário que Saul não comandava uma rede de prostituição e abuso, mas, na verdade, contratava uma agência que fazia a aproximação entre ele e as moças.
Em "Saul Klein e o Império do Abuso", foram ouvidos também Daniel José de Lima, amigo de Saul, as advogadas Gabriela Souza, Marina Ganzarolli e Luciana Terra Villar, o psiquiatra Claudio Cohen e o neuropsicólogo forense Antonio Serafim. Além da mãe de uma das vítimas de Saul e Karina Carvalhal, que alega ter sido abusada por Samuel Klein, pai de Saul, fundador das Casas Bahia e falecido em 2014.
Por questões de segurança, as vítimas ouvidas no documentário optaram por não se identificar. "Muitas não denunciaram por medo, porque ele sempre falou que ele compra tudo, ele sempre intimidou todo mundo. Eu queria ter coragem de mostrar o rosto, de empoderar outras pessoas para fazerem isso também. Mas e minha família? Não sei se ele pode mandar alguém ir atrás deles".
A série "Saul Klein e o Império do Abuso" tem direção de Paula Sacchetta, reportagem de Pedro Lopes e Camila Brandalise e direção de fotografia de Carine Wallauer.
Saul Klein e o Império do Abuso
O que: documentário em três episódios
Onde: youtube.com/movdoc
Quando: estreia 29 de março
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