Líder de caminhoneiros diz não ver mudança com troca de chefia na Petrobras
Do UOL, em São Paulo
14/04/2022 14h00
Um dos líderes da greve dos caminhoneiros de 2018, Wallace Landim, conhecido como Chorão, disse hoje, em entrevista à revista Veja, que não vê mudança futura em relação ao preço dos combustíveis com a troca de comando da Petrobras. A estatal agora será comandada por José Mauro Ferreira Coelho, eleito hoje o novo presidente em substituição ao general Joaquim Silva e Luna.
"Nada vai mudar enquanto o preço estiver atrelado no PPI [Preço de Paridade de Importação]. Ficou muito claro que até a questão do ICMS nos estados é paliativo. Eu não vejo mudança nenhuma [com a troca de gestão]", disse.
Apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e agora um crítico, Chorão afirma que o mandatário quebrou uma promessa com a categoria de que mudaria a política de preços da Petrobras. Na avaliação dele, o governo "trabalha para o mercado".
"A gente vê a questão da Petrobras como algo que o governo vem ganhando tempo. Nada das promessas que foram feitas saiu do papel, a gente veio acreditando no governo atual, que ele realmente iria fazer alguma coisa para nossa categoria, que também favorece toda a sociedade. E a gente se deparou com um governo que está trabalhando para o mercado, que não quer se desgastar com o mercado", declarou à revista.
No fim de março, Bolsonaro decidiu demitir Silva e Luna em razão do avanço dos preços dos combustíveis. No dia 10 daquele mês, a Petrobras anunciou um aumento de 18,77% na gasolina e 24,9% para o diesel.
Em nota na ocasião, a estatal informou que os valores "refletem parte da elevação dos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente a demanda mundial por energia".
Bolsonaro já afirmou que o governo estuda rever a política de paridade internacional de preços da Petrobras.
Desde outubro de 2016, no governo Michel Temer (MDB), a estatal adota uma política que acompanha a variação no mercado internacional.
Na ocasião, a Petrobras adotou um modelo de cálculo para definir os preços dos combustíveis nas refinarias chamado PPI, que acompanha, entre outros fatores, a variação internacional do barril do petróleo e a cotação do dólar.
Chorão defende um retorno à política anterior. Nos governos Lula e de Dilma Rousseff (PT), a definição do preço considerava a variação do petróleo no mercado internacional, mas também os custos de produção de petróleo no Brasil. Dessa forma, a estatal segurava impactos de oscilações dos preços no mercado internacional para o consumidor interno.
* Com informações da Deutsche Welle