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Economista: 'Governo terá de tirar coelho da cartola para manter R$ 600'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/09/2022 15h25

O PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2023 enviado pelo governo enviado ao Congresso Nacional ontem (31) não prevê a manutenção do auxílio no valor de R$ 600 para o ano de 2023. Essa continuidade do valor é uma das principais promessas de campanha dos dois principais candidatos à presidência, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Durante participação no UOL News, a economista Juliana Inhasz afirmou que vê como improvável a possibilidade da promessa ser cumprida por quaisquer dos candidatos que vençam as eleições.

"Muito dificilmente o próximo presidente vai ter espaço para de fato conseguir colocar esses R$ 600 em jogo, a não ser que a gente tenha um governo que tenha pouca preocupação com os gastos, com a política de teto de gastos e com a responsabilidade fiscal. Ou então caso ele consiga de fato tirar um belo de um coelho da cartola e fazer esse país crescer tanto a ponto de essa diferença de R$ 200 não ser tão significativa ou tão impactante para o orçamento", disse.

Inhasz também pontuou que o momento econômico vivido pelo Brasil hoje, no segundo semestre, tende a não permanecer para o ano seguinte. "Vai ser um semestre onde a gente vai ver políticas sendo feitas para criar a percepção de um Brasil que não é o Brasil da rua, não é o Brasil do dia a dia e não é o Brasil que teremos em 2023. O espaço fiscal para que esse aumento aconteça é muito pequeno, o governo tem gastos excessivos e precisa reotimizar esses gastos para o ano que vem", explicou.

'Crescimento do PIB é considerável, mas é preciso cautela com otimismo', diz economista

"A gente tem que tomar bastante cuidado com esse tipo de qualificação da economia brasileira hoje [bombando]. Temos de fato uma economia que tem se recuperado, essa recuperação é evidente e a gente vê pelos indicadores uma redução da taxa de desemprego, agora a gente vê o crescimento do PIB, que é considerável, sem dúvidas, mas a gente também tem que tomar bastante cuidado e ter muita cautela com esse grande otimismo que esses números podem trazer", alertou a economista Juliana Inhasz.

Ela também explicou que os bons números, em parte, devem-se ao comparativo com anos anteriores, que foram péssimos para a economia. "A gente sabe que a nossa base de comparação olhando para 2021, olhando para 2020 é bem ruim, então esse é um fator que faz naturalmente que qualquer tipo de crescimento pareça muito maior. Além disso, a gente também não pode esquecer que durante o ano de 2022 tivemos várias medidas que fizeram com que essa economia fosse impulsionada, mas são elementos que muito provavelmente não continuam daqui para a frente".

Sakamoto: Auxílio é conto de fada eleitoral de R$ 600 que vira 'abóbora' de R$ 405 na virada do ano

"Existe um conto de fada eleitoral de R$ 600 que vira abóbora de R$ 405 as 12 badaladas do dia 31 de dezembro", afirmou o colunista do UOL Leonardo Sakamoto ao comentar o PLOA que foi enviado pelo governo ao Congresso ontem.

Ele ainda ironizou a promessa do presidente Jair Bolsonaro de que o atual valor seria mantido em 2023. "Hoje o eleitor tem duas pessoas para escolher, até passa a imagem do governo bipolar. Você tem um candidato Jair Bolsonaro que promete R$ 600 para o ano que vem ou você tem um presidente Jair Bolsonaro que garante via orçamento R$ 405 no ano que vem".

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