Entidades movem ação contra Boeing por suposta ameaça à soberania nacional
A Abimde (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa) e a Aiab (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil) entraram com uma ação contra a fabricante de aviões Boeing por suposta ameaça à soberania nacional. As entidades acusam a gigante americana de sistematicamente cooptar e contratar engenheiros "altamente qualificados" que trabalham em áreas estratégicas da defesa do país, o que ainda colocaria em risco a sobrevivência das empresas do setor.
"O impacto já é expressivo: dez das mais importantes empresas estratégicas do setor de defesa já tiveram engenheiros cooptados pela Boeing. Algumas perderam cerca de 70% da equipe de áreas específicas e essenciais para o negócio", diz Roberto Gallo, presidente da Abimde.
Procurada pelo UOL, a Boeing afirmou que "neste momento, não tem nada a comentar sobre esse assunto".
Segundo a ação, protocolada na 3ª Vara Federal de São José dos Campos (SP), os engenheiros supostamente "cooptados" estão hoje em empresas que compõem a BID (Base Industrial de Defesa).
A BID é formada por mais de 1.000 companhias estatais e privadas que têm como objetivo a constante atualização das tecnologias usadas pelo Exército, pela Marinha e pela Força Aérea do Brasil. Entre elas, há fabricantes de satélites, equipamentos de uso militar e desenvolvedoras de sistemas, por exemplo.
De acordo com as entidades, esses profissionais "altamente qualificados" contratados pela Boeing participavam de projetos nas áreas de defesa e segurança e tiveram acesso a informações confidenciais relacionadas a projetos estratégicos para o país.
Entre as empresas que já perderam e vêm perdendo engenheiros para a Boeing estão Embraer, Akaer, Avibras, AEL Sistemas, Safran e Mac Jee.
Impacto na economia. As associações afirmam que tais empresas também têm impacto expressivo na economia: o setor nacional de defesa é responsável por aproximadamente 285 mil empregos diretos e 850 mil indiretos, segundo dados do Ministério da Defesa, e movimenta cerca de R$ 200 bilhões — cerca de 4% do PIB (Produto Interno Bruto Nacional) do Brasil.
"Defendemos a livre concorrência e o livre mercado, mas tais princípios não são absolutos e devem se sujeitar a imperativos constitucionais, como a soberania nacional. O que está em jogo, portanto, é algo muito maior do que quaisquer interesses individuais ou coletivos", afirma Julio Shidara, presidente da Aiab.
"Em décadas de existência, a BID nunca enfrentou uma situação como a que estamos vivendo. Não construímos nossa capacidade atual da noite para o dia. Foram décadas de esforço coletivo nacional e vultosos investimentos públicos e privados. Não podemos permitir uma degradação acelerada como os fatos têm demonstrado."
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