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Patrocínio e transmissões: como a Fifa arrecadou R$ 40 bi com Copa do Qatar

Rhett Lewis/Unsplash/Reprodução
Imagem: Rhett Lewis/Unsplash/Reprodução

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em Piracicaba (SP)

24/11/2022 04h01

A Fifa anunciou, no começo da semana, que arrecadou US$ 7,5 bilhões (R$ 40,4 bilhões, na cotação de hoje) no ciclo de 4 anos desta Copa do Mundo, que acontece no Qatar.

A entidade ainda revelou que o faturamento é US$ 1 bilhão maior do que a arrecadação registrada na última Copa, disputada em 2018, na Rússia.

Mas como a Fifa, mesmo em momentos de crise causados pela pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, conseguiu aumentar a receita alcançada no período anterior?

Novos canais e mais patrocinadores. Segundo relatório recente do BTG Pactual, os direitos de transmissão são a maior parte das receitas da federação internacional - no ciclo da Copa da Rússia, em 2018, esse montante chegou a 49% do total (cerca de (US$ 3,1 bilhões).

Mas, além da ampliação dos meios de transmissão, como as recém entradas plataformas de streaming no mundo do futebol, são os acordos comerciais firmados pela Fifa que mexeram positivamente no ponteiro de negócios desta edição do mundial em relação ao período entre 2015-2018.

Entre 2015 e 2018, o último ciclo de Copa do Mundo, a receita de marketing foi de US$ 1,7 bilhão (que equivale a 26% da receita da Fifa no período).

Segundo o próprio Gianni Infantino, presidente da federação internacional de futebol, o recorde no faturamento se deu devido à negociação de todas as cotas de patrocínio colocadas no mercado - os valores dos acordos não foram revelados.

Atualmente, a Fifa divide em 3 linhas as marcas com quem tem contratos: os parceiros, os patrocinadores dos torneios e os apoiadores (que podem ser nacionais ou regionais). Para esta Copa do Mundo, a Fifa possui acordo com quase 30 empresas.

Os últimos três patrocinadores, por exemplo, foram anunciados apenas momentos antes do jogo de abertura: YouTube, Visit Las Vegas e Fine Hygienic Holding, todos na categoria de patrocinadores regionais.

Quem são os patrocinadores da Copa? No total, as marcas estão divididas desta forma:

- parceiros (possuem contratos perenes e podem falar de todos os torneios da federação):

  • Adidas (marca esportiva),
  • Coca-Cola (bebidas),
  • Grupo Wanda (empresa do ramo imobiliário),
  • Hyundai-Kia (automóveis),
  • Qatar Airways (companhia aérea),
  • QatarEnergy (empresa de energia) e
  • Visa (serviços financeiros);

- patrocinadores (têm direitos restritos à Copa do Mundo):

  • Budweiser (bebidas alcoólicas),
  • Byju's (empresa indiana de tecnologia educacional),
  • Crypto.com (empresa de criptomoedas),
  • Hisense (fabricante chinesa de eletrodomésticos e eletrônicos),
  • McDonald's (rede de fast-food),
  • Mengniu Dairy (fabricante chinês de produtos lácteos) e
  • Vivo (multinacional chinesa de tecnologia);

- apoiadores (possuem mesmos direitos, mas restritos por país ou região):

África, Ásia e Oriente Médio:

  • GWC (fornecedor de soluções de logística e cadeia de suprimentos no Qatar),
  • Ooredoo (empresa multinacional de telecomunicações),
  • Yadea (fabricante de motos e bicicletas elétricas),
  • Boss Zhipin (empresa chinesa de recrutamento),
  • Grupo QNB (banco comercial multinacional) e
  • Fine Hygienic Holding (empresa de bem-estar)

América do Norte, América Central e Europa:

  • The Look Company (provedor de soluções de engajamento visual e serviços de suporte),
  • Frito-Lay (fabricação e venda de salgadinhos),
  • YouTube (streaming),
  • Visit Las Vegas (turismo) e
  • Algorand (blockchain)

América do Sul:

  • Claro (telecomunicações),
  • Nubank (banco digital),
  • Inter Rapidísimo (aplicativo colombiano de entregas) e
  • UPL (empresa com foco no agronegócio).

Prejuízo com proibição? Por outro lado, a Fifa pode ter um pequeno prejuízo com a proibição da venda de bebidas alcoólicas no entorno dos estádios, anunciada às vésperas do torneio.

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Presidente da FIFA, Gianni Infantino, durante coletiva de imprensa
Imagem: REUTERS/Matthew Childs

De acordo com o jornal britânico 'The Sun', a Budweiser pode exigir que a Fifa "compense" a decisão repentina reduzindo o acordo fechado com a marca para a próxima Copa em cerca de R$ 255 milhões.

Segundo a publicação, Budweiser e a Fifa possuem um contrato no valor de R$ 606 milhões para a parceria no Mundial de 2026, que seria reduzido para R$ 351 milhões com a exigência devido à reviravolta no Qatar.

Incremento à vista. Mesmo assim, a Fifa espera um sucesso ainda maior no próximo ciclo: a expectativa é que as receitas se aproximem de US$ 10 bilhões nos próximos quatro anos, graças à expansão da Copa do Mundo de 2026.

A próxima edição do mundial terá duas grandes novidades: ele será disputado em 3 países (Estados Unidos, Canadá e México) e terá a participação de 48 equipes, em vez das já tradicionais 32 seleções - ou seja, mais mercados para novos anunciantes, além de, provavelmente, um maior público para acompanhar as partidas pelas telas, seja de TVs ou de celulares.