IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Número de brasileiros na pobreza bate recorde em 2021, diz IBGE

Número de brasileiros vivendo na pobreza e extrema pobreza bateu recorde em 2021, segundo dados do IBGE - Said Tayar/Getty Images
Número de brasileiros vivendo na pobreza e extrema pobreza bateu recorde em 2021, segundo dados do IBGE Imagem: Said Tayar/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

02/12/2022 10h00Atualizada em 05/12/2022 10h54

O número de brasileiros na pobreza e extrema pobreza bateu recorde em 2021, no segundo ano da pandemia de coronavírus. Cerca de 62,5 milhões de pessoas eram consideradas pobres (29,4% da população), segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Entre elas, 17,9 milhões (ou 8,4% da população) estavam em situação de extrema pobreza, pelos critérios do Banco Mundial. Foram os maiores percentuais identificados pelo IBGE desde o início da série, em 2012.

De 2020 a 2021, houve aumento recorde nos grupos estudados. O número de pessoas abaixo da linha da pobreza cresceu 22,7% (o que representa mais 11,6 milhões de pessoas) enquanto o de pessoas na extrema pobreza disparou 48,2% (ou mais 5,8 milhões).

Em 2021, a proporção de crianças menores de 14 anos abaixo da linha da pobreza chegou a 46,2%, o maior percentual da série. É uma alta recorde, segundo o IBGE, considerando que o percentual caiu ao seu menor nível (38,6%) em 2020.

Qual a definição de pobreza? O Banco Mundial considera em situação de pobreza as pessoas que ganham até R$ 486 mensais per capita e, em situação de extrema pobreza, quem vive com R$ 168 por mês.

O IBGE também identificou que o rendimento domiciliar per capita caiu para R$ 1.353 em 2021, o menor nível desde 2012.

A recuperação do mercado de trabalho em 2021 não foi suficiente para reverter as perdas de 2020. Isso e a redução dos valores do auxílio-emergencial podem ajudar a explicar esse resultado.
André Simões, analista de pesquisa do IBGE

Outras pesquisas já apontavam recorde no número de brasileiros vivendo na pobreza em 2021. Em junho, um levantamento da FGV Social identificou 23 milhões de pessoas na pobreza, cerca de 7,2 milhões a mais do que em 2020.

Pobreza por cor, gênero e idade. Segundo o IBGE, o percentual de pretos e pardos abaixo da linha da pobreza é de 37,7%, praticamente o dobro da proporção de brancos (18,6%).

Cerca de 62,8% das pessoas que vivem em domicílios chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos também estavam abaixo da linha de pobreza.

No recorte por idade, o percentual de jovens de 15 a 29 anos pobres (33,2%) era o triplo dos idosos (10,4%) em 2021.

Localização da pobreza. As regiões com a maior proporção de pessoas pobres são o Nordeste (48,7%) e Norte (44,9%). No Sudeste e no Centro-Oeste, o percentual é de 20,6%, o que representa uma a cada cinco pessoas em situação de pobreza.

O menor percentual foi registrado no Sul (14,2%), segundo dados do IBGE.

Renda cai mais entre mulheres e negros. Em 2021, o rendimento médio per capita dos homens foi de R$ 1.393, um valor 5,9% maior do que o de mulheres (R$ 1.315).

Na comparação com 2020, houve uma queda no rendimento geral de 6,9%. Para as mulheres, o recuo foi de 7,5% enquanto para homens foi de 6,4%.

Segundo Denise Freire, analista do IBGE, a queda no rendimento de 2021 pode ser explicada pela "fraca recuperação do mercado de trabalho depois da crise de 2020, além da redução do volume de transferências de [programas de] renda no ano".

Considerando o início da série histórica, a redução média anual foi de 4,5%, mas mulheres (-5,9%) perderam mais que os homens (-3,0%).

Desde 2012, quando o IBGE começou a fazer o levantamento, pretos e pardos ganham metade do rendimento dos brancos. Em 2021, os valores, respectivamente, foram de R$ 949 contra R$ 1.866. Ambos os rendimentos caíram na comparação com 2020, mas pretos e pardos (8,6%) sentiram uma queda na renda maior do que os brancos (6%).

Desigualdade em alta. Em 2021, o índice de desigualdade Gini aumentou para 0,544 e atingiu o patamar de 2019, o segundo maior da série. O pior resultado foi em 2018 (0,545).

O estado mais desigual é Roraima, que atingiu 0,596 em 2021. Na outra ponta está Santa Catarina, com índice de 0,424, uma diferença de 40,6%.

Em 2020, o índice registrou queda, mas foi influenciado pela distribuição de renda dos programas emergências do governo federal.