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Com menos dinheiro, startups fazem demissões em massa; 'Foi um susto'

Startups anunciaram demissões neste final de ano Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

19/12/2022 04h00

A situação econômica mundial reduziu o dinheiro para startups, como Buser, Loft e Alice. Era um setor que só crescia, e agora enfrenta crise. Demitidos contam suas histórias a seguir.

SEGUNDA DEMISSÃO EM POUCO TEMPO

  • A líder de atendimento ao cliente Thais Ferri, 39, foi uma das 312 pessoas cortadas pela plataforma imobiliária Loft neste mês. A empresa tinha 2.600 funcionários.
  • Foi a segunda demissão em massa dela em pouco tempo. Ela trabalhava em uma empresa de tecnologia e ficou desempregada por oito meses (de setembro de 2019 a maio de 2020).
  • Agora está desempregada e sem nada definido.
  • Ela tinha um cargo de liderança na Loft, mas diz que deve aceitar até posição inferior.

É um susto muito grande ser demitida neste momento, por ser final de ano. O mercado não está bom. Com esse monte de layoff [demissão em massa], quantas pessoas tão boas ou melhores do que eu estão concorrendo à mesma vaga?"
Thais Ferri

Não tenho nenhuma reserva [financeira]. Passei por um período de desemprego e entrei na Loft. Não consegui uma reserva, estou contando com o dinheiro da rescisão para viver por uns quatro meses.
Thais Ferri

A Loft diz em nota que a demissão em massa é uma reestruturação de sua operação, agradece a dedicação dos colaboradores e afirma que ajuda na recolocação no mercado, com assinatura do LinkedIn Premium por três meses. Também deu extensão do plano de saúde por dois meses.

DEMISSÃO NA VOLTA DA LICENÇA-MATERNIDADE

  • Uma gerente de contas, que preferiu não ser identificada, foi demitida no corte da Alice, startup de saúde, que dispensou 113 profissionais (16% da equipe).
  • Ela foi dispensada três semanas depois de voltar de sua licença-maternidade.
  • Foi sua segunda em demissão em massa. A primeira ocorreu em 2020, no início da pandemia.
  • Ainda está desempregada e procurando vaga.

A Alice disse, em nota, que as demissões foram feitas depois de uma "revisão de estrutura", e que os cortes são dolorosos, mas vão "tornar a Alice ainda mais forte". A empresa também agradece aos "talentosos profissionais".

APÓS DEMISSÃO, UMA CHANCE NO EXTERIOR

  • Um engenheiro de software da Buser, que não quis se identificar, foi demitido no dia 9 deste mês. Teve benefícios, como um salário extra ao ser desligado.
  • A empresa justificou os cortes por causa do cenário do mercado. Foram demitidos 165 profissionais (30% da equipe).
  • O engenheiro diz que em cinco dias agendou cinco entrevistas, algumas delas para o exterior.
  • Ele afirma que se sente privilegiado por ser da área da tecnologia, que está bastante aquecida.
  • A Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) calcula que serão necessários criar 800 mil postos de trabalho em cinco anos no Brasil.

Em nota, a Buser disse que está "se reorganizando para enfrentar esses novos tempos. E realizou na última no dia 8 de dezembro uma redução de 30% de seu time de colaboradores. É uma medida dura e difícil, mas necessária para continuarmos crescendo de forma sólida e segura".

Infelizmente, tivemos que fazer esse ajuste, não só devido ao cenário macroeconômico, mas também por causa da perseguição que sofremos de alguns órgãos reguladores. Esperamos que a regulação tenha avanços no próximo governo para que possamos voltar a gerar empregos de alto valor agregado.
Marcelo Abritta, fundador e CEO da Buser

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM AS STARTUPS

  • As demissões em massa nas startups são reflexo da economia no Brasil e no exterior.
  • As demissões agora podem antecipar o que os investidores esperam para 2023 com uma possível crise global, diz Felipe Matos, presidente da Abstartups (Associação Brasileira de Startups).
  • A mudança do governo no Brasil também deixa os investidores mais cautelosos.

Os juros subiram nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil. Tivemos pandemia e a guerra na Ucrânia. Deixa de ter dinheiro disponível para investimentos de maior risco, que é o caso das startups. As empresas que conseguiram investimentos precisaram rever seus planos, e muitas cortaram custos para sobreviver.
Felipe Matos

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