'Perdi R$ 100 mil em golpe de cripto e adiei casamento', diz investidor
O empresário M.M., de Itu (SP), diz que investiu em criptomoedas pela empresa MSK Invest e perdeu R$ 100 mil, que seriam destinados ao seu casamento. A empresa afirma que ficou sem dinheiro por causa de bloqueios da Justiça.
O que aconteceu
M.M e seu irmão, G.M, confiaram no primo, que trabalhava na assessoria. Foram atraídos, em abril de 2020, pela oportunidade de fazer o dinheiro render muito mais que a média.
Mesmo com alertas de amigos, eles contam que não estranharam um investimento em renda variável ter retorno mensal garantido. Os dois empresários preferiram não se identificar.
No começo, G.M. aplicou R$ 10 mil para sentir como seria. Depois de ver que o rendimento caía na conta todo mês, decidiu aplicar. Ao todo, investiu R$ 210 mil, que rendiam 5% ao mês.
Retirou o dinheiro e não perdeu. Ele sacou o dinheiro em agosto de 2021 para comprar seu apartamento. Ele conta que, ao todo, o resgate foi de R$ 300 mil, contando com os rendimentos de aproximadamente R$ 80 mil.
Antes, não havia desconfiança por ter meu primo envolvido, e a explicação era boa, mas quando vimos que era golpe, gerou um grande mal na família.
G.M.
Mas M.M. perdeu o aporte de R$ 100 mil. Durante alguns meses, o retorno, de cerca de 4%, foi pago sem problemas. Ele diz que recebeu cerca de R$ 32 mil, durante quase dez meses. Mesmo considerando a rentabilidade obtida no período, ele perdeu pelo menos R$ 68 mil.
Impossibilidade de resgatar o dinheiro
Os investidores recebiam relatos sobre o dinheiro. Todo mês, os irmãos também recebiam comunicados curtos dos analistas da MSK, dizendo que o dinheiro estava rendendo bem. Eles eram informados de que haviam aplicado em uma ou outra criptomoeda, mas nunca chegaram a ver o extrato.
Quando quis sacar o dinheiro em novembro, M.M. não conseguiu. Ele também não teve mais respostas, apenas que a MSK Invest passava por dificuldades.
A empresa notificou que iria encerrar as operações em dezembro de 2021. Toda a movimentação era feita por meio da MSK. M.M disse que não tinha acesso ao valor do saldo e não acompanhava os rendimentos. Por isso, não conseguiu movimentar seu dinheiro.
O investidor entrou com um processo. Em 2022, com o auxílio de um advogado especializado em criptomoedas, M.M. entrou com um processo que segue em curso. Até agora, a companhia não fez os pagamentos e apresentou um pedido de recuperação judicial.
O casamento não foi cancelado. A cerimônia de M.M. foi adiada para este ano, e ainda irá acontecer.
Quem era a MSK
Era uma assessora de investimentos focada em ativos de alto risco, como criptomoedas. Os sócios-fundadores são Glaidson Rosa e Carlos de Luca. A assessoria de investimentos oferecia um retorno fixo de cerca de 5% ao mês.
Prometeu que iria devolver o dinheiro. A MSK fez um acordo com o Procon-SP em janeiro de 2022 para ressarcir os investidores que tiveram os contratos desfeitos de forma unilateral no fim do ano passado. Mas os pagamentos já deviam ter iniciado, e não foram feitos.
Foi investigada e indiciada. Em 2022, a empresa foi indiciada pela Polícia Civil de São Paulo pela prática de vários crimes, como pirâmide financeira e publicidade falsa. Em janeiro de 2023, o delegado responsável pelo caso considerou que a fase de coleta de provas foi concluída. Agora, o caso vai para o Ministério Público.
O caso ainda está em andamento. Em janeiro de 2023, para rastrear o Bitcoin e demais criptomoedas da MSK, a polícia contratou uma investigação da empresa especializada na área, Chainalysis.
Grupo negociou critptomoedas. O que a investigação descobriu foi que, durante algum tempo, o grupo usou o dinheiro dos clientes para negociar em pelo menos seis corretoras de criptomoedas, como Blockchain.com, Binance, Bitmex, Bitfinex e Huobi e Mercado Bitcoin.
Não se sabe exatamente o tamanho da fraude. No indiciamento enviado para o Ministério Público no começo do ano, constam dois valores muito diferentes para estimar quanto dinheiro tinham os proprietários da empresa, indo de US$ 1 milhão a US$ 1 bilhão. Além disso, a polícia também afirma ter encontrado planilhas que demonstram ganhos periódicos da ordem de R$ 2 milhões pelos sócios da MSK.
Empresa disse que bloqueio da Justiça impediu resgates
O UOL tentou contato com a MSK por telefone e pelo site, mas não teve resposta.
Em comunicado, a empresa que passou a ter dificuldades maiores em 2021, e optou por encerrar o atendimento de criptomoedas naquele ano. O plano era devolver o dinheiro aos clientes em 10 meses. Mas, em dezembro de 2021, teve suas contas bloqueadas por causa de um processo. A conta foi desbloqueada em janeiro de 2022.
Além disso, a empresa disse que o trader diretor de operações, que era detentor das criptomoedas, não repassou o dinheiro à empresa. "Por diversas vezes, entramos em contato por telefone com ele para que nos devolvesse os valores, porém ele dizia não poder devolver o montante que estava operando ainda. Inclusive, alegava problemas de travas, bloqueios e compliance, como expusemos em comunicado anterior", diz a empresa em nota.
Os sócios dizem ainda: "Informamos a todos que a empresa MSK Invest está sendo vítima de um indivíduo frio e calculista, que o nome dele já consta em nossos processos e que estamos fazendo todo o possível para recuperar as senhas e acessos que nos pertencem".
Como se proteger de golpes em criptomoedas
Ainda não há uma central de registros que permita verificar se uma corretora de criptomoedas de fato existe e é confiável. Mas há alguns cuidados que você pode tomar.
Avalie sites de reclamações de consumidores, como o Reclame Aqui. Veja a situação da empresa ou especialista, através da junta comercial da sua cidade ou pelo CNPJ no site da Receita Federal.
Também suspeite de ganhos muito altos, ainda mais se forem acima do rendimento da taxa Selic. Como as criptomoedas se encontram dentro da renda variável, a principal característica é a falta de garantia de retorno.
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