Duralex: kit de louças de vidro marrom é vendido por até R$ 2.000 na web

Os jogos de pratos, xícaras e vasilhas de vidro marrom (âmbar) feitos pela Duralex marcaram uma geração e viraram memória afetiva. Eles não são mais fabricados no Brasil, mas peças da marca continuam sendo produzidas no país em vidros transparentes e azuis. Hoje fora de linha, um conjunto de vidro âmbar com 20 peças chega a ser vendido por R$ 2.000 na internet. Tem um desses em casa? Saiba o aconteceu com a empresa no Brasil e veja por quanto eles estão sendo anunciados na web.

Por quanto é vendido na internet?

'Relíquia' por até R$ 2.000 o conjunto. O jogo completo com 20 peças de vidro marrom é anunciado por R$ 2.000 no site OLX, cerca de R$ 100 a peça.

Pratos, travessas e xícaras podem sair entre R$ 40 e R$ 60 a unidade. O cálculo foi feito com base em anúncios de jogos menores ou produtos vendidos separadamente.

Se fossem fabricados e vendidos hoje, custariam de R$ 8 a R$ 10. Em 2010, os pratos Duralex âmbar fabricados no Brasil eram vendidos por entre R$ 3 e R$ 4. A estimativa considera estes valores atualizados pela inflação do período.

Preços dos produtos antigos superam os novos. Um jogo de 6 pratos custa entre R$ 50 a R$ 109 na loja oficial da Nadir. Eles são vendidos no modelo transparente e azul. Na França, onde ainda são vendidos produtos âmbar, um conjunto de xícaras de 6 unidades com píres sai por 20 euros (R$ 106), ou um conjunto de 6 pratos de sobremesa por 11,78 euros (R$ 63). A loja oficial da Duralex vende para Estados Unidos, Reino Unido e Espanha. Além dos vidros marrons, há tons de azul, cinza, verde e roxo.

Novo 900X506_ Jogo completo com 20 peças Duralex âmbar é anunciado em site de vendas online por R$ 2.000
Novo 900X506_ Jogo completo com 20 peças Duralex âmbar é anunciado em site de vendas online por R$ 2.000 Imagem: Reprodução/OLX

Por que valorizou?

Retorno da identidade brasileira. A coordenadora da graduação em Design de Produto e Serviço na Istituto Europeo di Design (IED Brasil), Graziela Nivoloni, afirma que há um um "retorno" dos produtos que marcaram a identidade brasileira:

A gente vê a arte e o artesanato brasileiro ocupando lugares que estavam antes destinados a peças internacionais. Começamos a recuperar esses itens e dar esse destaque a tudo aquilo que de alguma maneira fez parte desse cenário da Casa Brasileira simples popular, está ganhando luz, está ganhando esses espaços, acho que isso é muito valioso.
Graziela Nivoloni, coordenadora da graduação em Design de Produto e Serviço na Istituto Europeo di Design (IED Brasil).

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O que aconteceu com a marca?

Pratos da Duralex já eram vendidos no Brasil desde 1950. A marca original é francesa e fazia parte do grupo Saint-Gobain. Anúncios da metade do século passado mostram que os produtos importados eram vendidos nas antigas lojas Mappin. Em 1961, a Duralex passou a tingir os vidros.

Marca fez sucesso anunciando ser 'inquebrável'. Os vidros das louças Duralex são do tipo temperado, 2,5 vezes mais resistentes do que vidro comum, segundo a empresa na França. Eles também aguentam uma ampla variação de temperatura, de -20 ºC a 100 °C. Quando quebrados, se estilhaçam em pedaços pequenos, reduzindo o risco de acidentes.

Produtos da China afetaram negócios. Apesar de serem itens baratos, os produtos da Duralex sofriam com a concorrência de produtos da China.A crise veio para a Duralex no Brasil e para a Duralex na França, que chegou a ser colocada em liquidação compulsória em 2008. Na época, a francesa foi salva por um investidor franco-britânico, informou o Le Monde.

Duralex foi comprada pela Nadir Figueiredo em 2011. No Brasil, ela pertencia à Santa Marina, que também detinha os direitos da marca Marinex. Em 2011, a Nadir Figueiredo comprou a concorrente Santa Marina, trazendo para si o portfólio da rival.

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Produtos âmbar saíram de linha em 2012. Um ano depois da aquisição, a Nadir encerrou a produção dos vidros marrons. No Brasil, os pratos marrons não são mais fabricados. Quem quiser um novo original tem que comprar na França.

Utensílios transparentes e azuis entraram no portfólio. A Nadir Figueiredo afirma que não tem planos para produção dos vidros âmbar, mas que está "sempre atenta às tendências do mercado".

Empresa vendida por mais de R$ 800 milhões. Desde 2019 a Nadir Figueiredo pertence ao grupo norte-americano de private equity HIG Capital, que comprou a companhia por mais de R$ 836 milhões. Na França, a marca pertence agora à International Cookware.

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