BC reduz taxa de juros em 0,5 ponto percentual, e Selic cai para 12,25%

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu reduzir a taxa básica de juros da economia em 0,5 ponto percentual, de 12,75% para 12,25% ao ano. Essa é a terceira queda consecutiva.

O que motivou decisão do BC

O ambiente externo continua adverso, segundo o BC. O Copom citou a alta das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos, a resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em outros países e de novas tensões geopolíticas como pontos de atenção. "O Comitê avalia que o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes", afirma o Copom em nota.

No Brasil, o Copom considera que os dados da atividade econômica estão demonstrando sinais de desaceleração. O Comitê diz que a inflação ao consumidor manteve trajetória de desinflação, mas que segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta. O BC também pontua que "as medidas mais recentes de inflação subjacente ainda se situam acima da meta para a inflação".

Copom afirma que prevê uma nova queda de 0,5 ponto percentual na próxima reunião, que acontece em dezembro, se o cenário continuar dentro do esperado pelo BC. "Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", afirma o BC em nota.

O Comitê não deu sinais de quando o ciclo de queda de juros deve terminar. Em nota, diz que a decisão dependerá "da evolução da dinâmica inflacionária".

O resultado veio em linha com o esperado pelo mercado. A maioria dos agentes financeiros esperavam uma queda de 0,5 ponto percentual, que se concretizou.

A taxa de juros é usada para controlar a inflação do país. Após se manter em 13,75% por um ano, o BC começou a cortar a taxa de juros na reunião de agosto, quando reduziu de 13,75% para 13,25%. Foi o primeiro corte em três anos, desde agosto de 2020.

O governo definiu meta de inflação de 3,25% para 2023. O índice tem intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo, podendo variar de 1,75% a 4,75%. Nos últimos 12 meses, o IPCA — índice que mede a inflação oficial do país — está em 5,19%. Para 2024, 2025 e 2026, a meta é de 3%.

Na última reunião, realizada em setembro, o Comitê havia dito que a expectativa era de seguir reduzindo a taxa nas reuniões seguintes. "Os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões", diz o documento. O Comitê diz ainda que acredita que esse ritmo de corte de juros é apropriado para continuar contraindo a economia para diminuir a inflação.

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O que muda?

Juros menores deixam o crédito mais barato, favorecendo o consumo. Cortes na Selic têm reflexo nas taxas cobradas por bancos e lojas, o que ajuda a impulsionar o consumo das famílias. Esse efeito não é imediato, e os impactos mais relevantes serão sentidos pela população ao longo do tempo.

Com mais crédito, famílias têm alívio no orçamento. A Selic é chamada de taxa "básica" porque serve como referência para outros juros do mercado, como os cobrados em empréstimos e financiamentos. Ou seja: quem vai financiar um carro ou um imóvel, por exemplo, pode ter um respiro.

Corte nos juros pode estimular a geração de empregos. Quando os juros estão altos, o custo de operação de uma empresa também é maior, o que desestimula investimentos e contratações. À medida que a Selic cai, empresários ficam mais dispostos a tomar riscos para crescer e, consequentemente, gerar empregos.

Investimentos de risco, como ações, tendem a ser mais buscados. Com o tempo, a contínua redução dos juros torna menos atrativos os investimentos em renda fixa, como títulos do Tesouro, CDB e LCI. Isso pode gerar uma migração para ativos mais arriscados, como ações e renda variável.

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