Calorão justifica retomar o horário de verão? Conheça os prós e contras

As recentes ondas de calor no Brasil voltaram a levantar o debate sobre a volta do horário de verão. Na terça-feira, por exemplo, a alta demanda por energia —que tem ligação provável com as altas temperaturas— provocou instabilidade no abastecimento em regiões de São Paulo.

A medida, que adianta relógios em uma hora, era adotada anualmente em partes do Brasil para diminuir o consumo de luz. Ela foi descartada por decreto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em abril de 2019.

Confira alguns argumentos favoráveis e contrários ao horário de verão:

A favor

A maior vantagem do horário de verão, quando foi adotado, era a economia de energia. O objetivo da medida era o maior aproveitamento da luz natural. As regiões que adotavam o horário de verão "ganhavam" um tempo extra de luminosidade no fim da tarde, adiando o acionamento de lâmpadas na volta para casa após o trabalho. De fato, houve economia de energia enquanto o horário de verão vigorou —mas em níveis cada vez menos relevantes nos últimos anos.

Uso do espaço público. A possibilidade de fazer exercícios físicos no fim da tarde, e consequentemente aproveitar melhor os espaços públicos das cidades, também é encarada como uma das vantagens da medida.

Estímulo ao comércio. Como resultado de uma hora a mais de luminosidade, outra vantagem era o estímulo às vendas do comércio e de bares. Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), disse à BBC em 2021 que o horário de verão sempre trouxe um faturamento adicional na primeira hora da noite.

Defensores apontam impactos no turismo. "Com a possibilidade de aproveitar o horário estendido de luz natural, o turismo também é beneficiado. O setor hoteleiro e de entretenimento pode experimentar um aumento na demanda, gerando mais empregos e impulsionando a economia regional", avalia Roberto Matheus Ordine, presidente da Associação Comercial de São Paulo, que pleiteia a volta do horário de verão em 2024.

Contra

Mudanças no consumo mudaram resultados. Segundo o Ministério de Minas e Energia, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, o que fez com que o horário de verão deixasse de produzir os resultados esperados. Boa parte da demanda por energia hoje tem relação com o uso de ar-condicionado nas casas e empresas —e o horário de verão teria pouca influência sobre isso.

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Boas condições energéticas. A área técnica do Ministério de Minas e Energia e o ministro também já citaram as boas condições de suprimento energético do país como argumento para não adotar o horário de verão. Em setembro, em meio a uma forte onda de calor, o ministro Alexandre Silveira afastou a necessidade de retomar o horário de verão porque os reservatórios das hidrelétricas estavam nas melhores condições de armazenamento. Questionada agora novamente sobre a possibilidade, a pasta não comentou.

Dificuldade de adaptação. A maneira como a mudança de horário pode mexer com o relógio biológico das pessoas é citada como uma das desvantagens do horário de verão. Um estudo de pesquisadores brasileiros publicado pela revista Annals of Human Biology em 2017 afirma que 45,43% dos mais de 12 mil participantes diziam não sentir nenhum desconforto com a mudança de horário, mas 25% diziam permanecer desconfortáveis durante todo o período da medida.

Diferentes horários pelo Brasil. Outra desvantagem seria a diferença entre os horários das cidades brasileiras, já que estados do Norte e Nordeste não adotariam a mudança —isso porque, independentemente das temperaturas, o horário de verão não faz diferença nessas regiões devido à proximidade com o Equador. Quando o horário de verão era adotado, a diferença entre Brasília e Manaus, por exemplo, era de duas horas.

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