Ela comanda o Sertões e quer tornar o evento em uma 'fábrica de conteúdo'

Durante muito tempo, o Sertões foi conhecido por ser uma prova de rally, criada aos moldes de desafios como o Paris-Dakar ou o Rally dos Faraós, que acontece no Egito.

Em 2021, às vésperas de completar 30 anos, o evento passou a ter uma competição de kitesurfe e abrir espaço para as provas de mountain bike -que se transforaram, em 2024, no Sertões MTB Cup, que terá 3 etapas espalhadas pelo Brasil.

Este ano, a largada e a chegada da 32ª edição do Sertões acontecerão em Brasília. Marcas como Banco BRB, cerveja Corona e Vivo são alguns dos patrocinadores da prova, que acontecerá entre os dias 23 e 31 de agosto.

Mas uma das maiores novidades do evento é que, desde fevereiro, quem comanda toda essa operação é a goiana Leonora Guedes, nova CEO da prova.

Mestre em Turismo, Leonora assume o posto para tentar quebrar estereótipos e popularizar ainda mais a principal competição de automobilismo off road da América Latina. UOL Mídia e Marketing conversou com a executiva. Confira:

Um dos maiores desafios atuais é comunicar o público que o Sertões não é mais 'apenas' uma corrida de carros?

O Rally dos Sertões já está indo para sua 32ª edição: é um evento maduro e, principalmente, uma marca consolidada. Com uma nova gestão, nos últimos 5 anos, e com uma pandemia no meio de tudo isso, entendemos que a marca representava muito mais do que automobilismo, representava muito mais do que um esporte. Ela representa um estilo de vida.

Como já temos esse público muito fiel, engajado e que gosta de atividades outdoor, achamos que poderíamos ir além, entrando no mountain bike e no kitesurfe. São esportes com o mesmo DNA, de resiliência, de endurance, de brasilidade. Com essas 3 verticais, também temos um pouco mais de capilaridade no país.

No ano passado, por exemplo, fizemos a maior prova de bike do mundo, no Parque Estadual de Ibitipoca, em Minas Gerais. Fizemos outra prova em Pirenópolis, entre Goiás e Brasília. E, neste ano, também teremos a Sertões MTB Mantiqueira, que inaugura a temporada em maio, em Campos do Jordão (SP).

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No kitesurfe, estamos indo para a 4ª edição, com uma prova de 500 quilômetros, com o pano de fundo que é nosso litoral. A gente se posiciona como uma plataforma que promove o Brasil e, principalmente, o Brasil que dá certo -seja o Brasil do agro, dos parques estaduais, do nosso litoral.
O consumidor mais digital e a fragmentação da mídia acabaram facilitando a distribuição de conteúdo do evento como um todo?

Ter 3 eventos nos permite uma frequência, uma régua de comunicação, que dura o ano inteiro. Eu tenho muito conteúdo, com diferentes praças para comunicar. Além disso, a gente tem um conteúdo que extrapola o esporte.

Se você não gosta de velocidade, tudo bem: eu consigo gerar mais de 10 horas de conteúdo do Rally dos Sertões e não falar nem um minuto da competição. É muito bacana furar a bolha e mostrar o que existe por trás da poeira, seja com a parte social, seja com a parte do turismo.

O Sertões também mira em impacto positivo pelas comunidades que passa. Como isso é feito? Os patrocinadores também estão nessa?

Sim. Temos, hoje, muitas marcas que chamamos de 'não-endêmicas', que não fazem parte do esporte. Elas estão conosco, principalmente, por causa desse propósito. Um dos motes do Sertões é que o nosso palco é o Brasil. Então, eu preciso cuidar do Brasil, até mesmo para eu ter vida longa.

A goiana Leonora Guedes é CEO do Sertões desde fevereiro deste ano
A goiana Leonora Guedes é CEO do Sertões desde fevereiro deste ano Imagem: Divulgação
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Assim, o viés ambiental é muito forte, com a neutralização das emissões de refino, com 'limpa trilhas' e, às vezes, até da parte de educação e conscientização ambiental que levamos para as cidades.

Além disso, temos também a parte de saúde. Chegamos em um lugar pequeno com uma caravana repleta de recursos, com um público muito qualificado. Não faria sentido se eu não deixasse algum legado, que não fosse um indutor de transformação para a comunidade e para a população. Levamos medicina especializada e gratuita para essas cidades.

Por exemplo: muitas vezes, a cidade só tem o clínico geral. Então, mapeamos junto às secretarias de saúde as dores daquele município. Fazemos esse cruzamento e levamos duas carretas médicas, cada uma com quatro ambulatórios, para esses locais.

Em muitas cidades, a gente chega a zerar a fila do SUS. As marcas que estão conosco, por exemplo, usam o Sertões para fazer a diferença e deixar esse legado, seja ele ambiental ou social.

Qual é o maior objetivo do evento para esse ano?

O desafio é fazer as boas histórias, de dentro e fora das provas, chegarem além das comunidades, para impactar, de alguma forma, todo mundo - com a história da dona da pousada que foi impactada com a chegada do Sertões, do piloto que viveu uma história de superação ou de uma pessoa que estava na fila do SUS há anos e foi atendida.

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