Prates nega que Lula tenha interferido em dividendos da Petrobras: 'Espuma'

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, negou que o presidente Lula (PT) tenha interferido na decisão da estatal de não distribuir cerca de R$ 44 bilhões em dividendos extraordinários aos acionistas. O anúncio feito na semana passada fez as ações da estatal tombarem mais de 10% e aumentou os temores no mercado sobre uma possível ingerência política na empresa.

O que aconteceu

Lula não deu 'nenhuma ordem' sobre os dividendos, disse Prates. Em entrevista gravada ao blog de Andréia Sadi e ao "Estúdio i", da GloboNews, o presidente da Petrobras disse que a questão ainda está sendo discutida com o acionista majoritário — isto é, o governo federal — "dentro dos espaços possíveis".

Presidente citou governo anterior e exaltou balanço da Petrobras. Segundo Prates, o lucro líquido de R$ 31 bilhões no quarto trimestre de 2023 — 28,4% menor do que o registrado no mesmo período de 2022 — é resultado dos investimentos herdados do governo de Jair Bolsonaro (PL). "Fizemos o melhor para torcer ali, espremer a laranja", afirmou.

Prates reforçou que dividendos serão distribuídos como for 'melhor'. Ele negou mais uma vez qualquer interferência de Lula e disse que o assunto pode ser tratado em reunião que acontece hoje no Palácio do Planalto. "O presidente Lula em si... Ele tem voz nas reuniões, mas ele jamais me deu um comando direto, a não ser através do Conselho de Administração", acrescentou Prates.

O presidente [Lula] não deu nenhuma ordem sobre a questão dos dividendos. (...) Conseguimos o segundo melhor resultado da história sem vender nenhuma refinaria. O resto é espuma. O balanço foi bom, o resultado foi bom, e agora a gente só vai distribuir os dividendos de acordo com o que nós todos, inclusive o acionista majoritário, acharmos que é melhor.
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, à GloboNews

Proposta na mesa

Acionistas podem votar outra forma de distribuir dividendos. Uma proposta de distribuição de 50% dos dividendos extraordinários possíveis de 2023 pela Petrobras ainda está na mesa e poderia ser aprovada em assembleia de acionistas prevista para abril. A informação foi divulgada hoje por Jean Paul Prates à Reuters.

Decisão de reter dividendos é 'contornável', segundo Prates. "Na assembleia [de abril], pode haver uma deliberação sobre isso [distribuição de 50% dos dividendos]. A proposta de 50/50 não morreu, e não foi enterrada porque eu me abstive", completou.

(Com Reuters)

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