José Galló, que levou a Renner do R$ 1 milhão aos bilhões, deixa a empresa

O executivo José Galló está de saída da varejista Renner, após 32 anos de companhia. Ele foi CEO da empresa durante 27 anos. Há cinco, ocupa a cadeira de presidente do conselho de administração. Quando Galló chegou, em 1991, a Renner valia cerca de R$ 1 milhão — hoje vale R$ 15 bilhões na Bolsa.

O que aconteceu

Galló não vai apresentar seu nome para um novo mandato no conselho. A Renner realiza sua assembleia geral de acionistas em 18 de abril. Na assembleia, os acionistas elegem os membros de seu conselho de administração. Os atuais membros, em geral, são considerados para reeleição. Em comunicado divulgado ontem pela varejista, Galló diz que não vai apresentar seu nome.

O executivo quer mais tempo com a família. "Chegou o momento em que desejo uma agenda com mais espaço para me dedicar a interesses pessoais e acompanhar projetos empresariais e sociais da minha família", disse na mensagem aos acionistas.

De 8 para 650 lojas

Após a chegada de Galló, a Renner foi de 8 para mais de 650 lojas. Quando Galló assumiu o comando da empresa, a Renner era uma rede local com oito unidades no Rio Grande do Sul, que valia cerca de R$ 1 milhão. Hoje tem mais de 650 lojas no Brasil, Argentina e Uruguai, considerando também as marcas Camicado e Youcom, e vale cerca de R$ 15 bilhões na Bolsa.

Foi de Galló a ideia de transformar a Renner em uma loja de roupas. Fundada em 1922 pelo descendente de alemães Antônio Jacob Renner, a Renner era uma loja de departamentos em dificuldades financeiras quando Galló entrou para a companhia, em 1991. Formado em administração pela FGV, ele foi contratado inicialmente como consultor e acabou ficando para colocar em prática o plano que desenhara: focar na venda de roupas.

Galló era a cara da empresa, que não tem acionista controlador. A família Renner vendeu a companhia para a americana JC Penney em 1998. Sete anos depois, em 2005, os americanos venderam as ações da Renner na Bolsa. A varejista se tornou assim a primeira empresa brasileira sem controlador, com 100% das ações negociadas na bolsa. Assim, com tanto tempo de casa, José Galló tornou-se a "cara" da empresa para o mercado.

Galló deixa a empresa em um momento de respiro, após trimestres de números ruins no varejo. Os resultados da empresa divulgados ontem mostram que a Renner teve lucro líquido de R$ 526,9 milhões no quarto trimestre de 2023, alta de 9,4% em relação ao ano anterior.

Além de Galló, Thomas Herrmann também não fará mais parte do conselho da Renner. A companhia propôs os nomes de André Castellini e Sra. Andréa Rolim para substituí-los. O atual CEO da companhia, Fábio Faccio, destacou em comunicado "a relevância de toda a sua contribuição ao longo de 32 anos de dedicação".

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