Silveira fala em 'muita especulação' sobre Prates e pede paz para Petrobras

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, desconversou sobre a possível saída de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras e pediu "um pouco de paz" para a empresa.

O que Silveira disse

Prates sofre a segunda fritura em menos de 20 dias. Com a demissão avaliada por Lula, a rixa com Silveira tornou-se pública e resvalou em todo o governo, que já passou a sofrer pressão por mudanças em outras pastas.

À imprensa Silveira evitou falar sobre a demissão. Disse apenas que a troca "cabe ao presidente da República" e disse que surgiu "muita especulação" sobre este tema.

Ele disse que, com ele, o presidente Lula (PT) nunca tratou da demissão. "Seria no mínimo arrogante falar com alguém que tem tanta profundidade como o presidente", desconversou, falando que houve "um monte de especulação que surgiu". "Você não encontra uma manifestação direta [sobre a saída de Prates] nos últimos dias."

Silveira colocou ainda panos quentes na entrevista recente à Folha de S. Paulo, em que deixou clara a insatisfação com Prates. "Fiz uma manifestação espontânea sobre as minhas posições, como responsável por formular políticas públicas, e não dirigir a empresa."

Ele negou as rusgas, dizendo que tem "profundo respeito" por Prates. "Não existe essa personificação. Existem publicamente posições antagônicas. Em questões pontuais. Isso não é motivo de especulação, porque é público", argumentou.

Que a Petrobras tenha um pouco de paz para poder continuar ganhando valor de mercado, aumentando seu potencial para gerar emprego, renda, cumprir plano de investimento.
Alexandre Silveira, sobre Petrobras

Prates faltou à reunião do conselho de administração da Petrobras na última sexta (5). O UOL procurou o presidente da companhia, mas não teve resposta. Sua presença era esperada.

Lula convocou os ministros para uma reunião de emergência no domingo (4), que acabou cancelada. Compareceriam Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secom). Silveira também estava cotado, mas não Prates. O assunto não foi confirmado oficialmente pelo Planalto, mas um dos pontos da discussão era o comando da estatal.

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Interlocutores dizem não ver reforma ministerial, mas consideram a saída de Prates como provável. O problema, como o UOL apontou na última crise, é que Lula ainda não achou um nome que o agrade em todos os aspectos —e há uma briga grande no governo para indicar o sucessor.

A questão dos dividendos

Silveira negou ainda que haja um combinado dentro do governo sobre os dividendos extras. Ele e o ministro Rui Costa (Casa Civil), como Lula, eram contra o pagamento, embora ele negue, enquanto Fernando Haddad (Fazenda) era a favor. Na decisão mais recente, Prates, como presidente, se absteve, os dividendos extraordinários não foram pagos e abriu-se a crise.

Na quinta-feira (4), a Petrobras divulgou um comunicado para afirmar que ainda não há decisão sobre os dividendos extras. A estatal diz que o pagamento de R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários será discutido e votado na Assembleia Geral de Acionistas, marcada para 25 de abril.

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