Por que nova moeda de R$ 5 foi vendida a R$ 440 e esgotou em horas

A moeda comemorativa de R$ 5 em celebração aos 200 anos da criação da primeira Constituição do Brasil esgotou horas depois do seu lançamento na quinta-feira (11). Três mil unidades foram vendidas no site da Casa da Moeda, por R$ 440 cada. Mas por que uma moeda que vale R$ 5 custa R$ 440, ou seja 88 vezes mais caro que o valor dela?

A moeda comemorativa é de prata e pesa 28 gramas. Na parte da frente, ela tem um livro da primeira Constituição brasileira aberto com as páginas em cor amarelada, representando a antiguidade. Também há uma pena ao lado, que, segundo o BC, foi o material usado para escrever o texto. A parte de trás mostra o prédio do Congresso Nacional.

Por que uma moeda de R$ 5 é vendida por R$ 440?

Muita gente se perguntou porque uma moeda que vale apenas R$ 5 está sendo vendida por R$ 440. Especialistas afirmam que para ser considerada uma moeda, o objeto tem de ter dois valores: o intrínseco, que é o valor do objeto de acordo com o material utilizado, e o valor de face, que é simbólico e, neste caso, R$ 5.

Foi feita de metal nobre. De acordo com o Banco Central, a nova moeda foi confeccionada em prata pura (999/1000) e portanto tem um valor intrínseco muito superior ao seu valor de face.

O preço de R$ 440 é o valor de venda para colecionadores. O valor de face de R$ 5 é só representativo para poder dizer que aquilo de fato é uma moeda, senão seria uma medalha. O Banco Central definiu há algumas décadas que as moedas de prata teriam valor facial de R$ 5.
Bruno Pellizzari, vice-presidente da Sociedade Numismática Brasileira

Mas por que R$ 440? De acordo com Bruno, esse preço inclui o valor do metal, que no caso é prata pura, os custos de produção e uma margem de lucro para o BC com a venda das moedas. "Só o metal que tem nela já vale mais do que R$ 5. Isso acontece no mundo todo, casas da moeda se valem da venda de moedas comemorativas para ter um lucro operacional. Países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e França recebem milhões por ano só com a venda de moedas comemorativas assim. Esse valor de R$ 440 é a média", afirma Pellizzari.

Achou caro?

O preço está alinhado com o de moedas comemorativas similares de emissores estrangeiros, de acordo com o BC. Por exemplo, a moeda de prata pura canadense lançada em 2024 como comemoração ao Ano Novo Lunar do Dragão pesa 31,39 gramas, custa 108,8 dólares canadenses ou cerca de R$ 403. A peça homenageia a Rainha Elizabeth, falecida em 2022, e tem valor facial de 15 dólares canadenses, ou R$ 55,89.

Agora que esgotou, a moeda vale mais?

Depende. De acordo com a Casa da Moeda, a valoração das moedas e medalhas comemorativas após a venda da Casa da Moeda do Brasil é feita pelo mercado de colecionismo e regulado na oferta e demanda.

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A moeda pode voltar aos estoques

A Casa da Moeda afirmou, em nota, que existe a possibilidade de reabrir a venda. Isso vai depender da disponibilidade de estoque devido a compras geradas e não finalizadas. E, também, o Banco Central do Brasil pode solicitar nova tiragem das moedas comemorativas.

A Casa da Moeda vai produzir mais unidades dessa moeda? É possível. O Banco Central definiu a tiragem máxima de 10 mil unidades para esta moeda comemorativa específica, mas a primeira tiragem, já esgotada, foi de 3 mil unidades. Se houver demanda, o Banco Central e a Casa da Moeda podem produzir mais unidades.

"A quantidade de 3.000 peças é interessante e pode levar à valorização dessa peça no futuro. Eu diria que 3.000 não é uma quantidade nem muito grande e nem muito pequena. Outras moedas com tiragem semelhante tiveram uma valorização com o passar dos tempos e o crescimento do interesse dos colecionadores", afirma Pellizzari.

Moeda mais cara brasileira custou US$ 500 mil

Moeda mais cara brasileira, cunhada em virtude da coroação de Dom Pedro I, não chegou a circular
Moeda mais cara brasileira, cunhada em virtude da coroação de Dom Pedro I, não chegou a circular Imagem: Divulgação
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De acordo com Pellizzari, a moeda brasileira mais famosa e cara foi cunhada em virtude da coroação de Dom Pedro I, em 1822, com valor facial de 6.400 réis. Só tinham sido produzidas 64 peças quando elas foram enviadas para a aprovação do imperador, que não gostou dela.

"Ele não gostou da forma que foi representado na moeda, com o busto nu e uma coroa de louros remetendo ao imperador romano. Então, ele pediu para parar a produção e só foram produzidas 64 peças. Hoje, só se conhece onde estão 16 dessas peças. A maioria delas está em museus ao redor do mundo. A mais cara foi vendida em 2013 por US$ 500 mil. É a moeda mais cara brasileira."

Ficou curioso? É possível conhecer a moeda mais cara brasileira em exposição no Itaú Cultural, em São Paulo, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), no Rio de Janeiro; no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Também há duas unidades no Museu de Valores do Banco Central, em Brasília (DF).

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