Agrishow 2024 trouxe drones, IA e o dobro de startups para o agro
O número de startups ligadas ao agronegócio participantes da Arena de Tecnologia e Inovação da Agrishow 2024 saltou de 21 empresas ano passado para 40 nesta edição. A presença significativa é um reflexo do crescimento do setor de tecnologia no agro, já presente nas grandes empresas de maquinários e de insumos agrícolas.
As startups participam de uma área específica da Arena, o Agrishow Labs. Ela foi criada para conectar as soluções inovadoras das novas empresas diretamente com o público visitante do evento. Recursos de inteligência artificial têm crescido no agro, por permitirem decisões mais assertivas e economizarem recursos, dizem os organizadores da feira.
A Agroland, startup que é um banco digital de agronegócio, participou pela primeira vez presencialmente da Agrishow por meio do Labs. Para André Martins, gerente comercial da empresa, a experiência de estande foi positiva, no sentido de encontrar novos parceiros. "Networking é importante em todas as áreas. Apesar de sermos um banco e atuamos com o intermediário, às vezes tenho uma revenda que tem uma carência de um sistema, precisa estruturar uma parte de crédito ou administrativa. Se a gente tem alguma empresa legal, que a gente conhece, não tem por que não indicar", relata.
Já a Cromai apresentou três inovações na Agrishow deste ano. O Cromai Scan Weed identifica e classifica plantas invasoras; o Cromai Scan Growline, capaz de corrigir falhas de plantio na cana-de-açúcar; e Cromai Sentinel, que quantifica impurezas vegetais de forma automática. Ela que levou o primeiro lugar entre as startups da Agrishow no ano passado.
Técnica usada em Marte
Técnica usada pela agência espacial norte-americana (Nasa) nos roboôs de Marte está disponível hoje para agricultura brasileira. Uma parceria entre a Embrapa Instrumentação e a agfintech Agrorobótica desenvolveu um modelo com diferentes softwares e sensores para a digitalização do solo e das atividades.
Permite venda de carbono. Mais que viabilizar a agricultura de precisão, por medir a nutrição do solo e das plantas, permite a comercialização de crédito de carbono, já que contabiliza o carbono captado na agricultura, conta a pesquisadora da Embrapa, Débora Milori, que coordena o Laboratório Nacional de Agrofotônica (Lanaf).
Grandes marcas
Grandes marcas também se inserem no mundo da tecnologia, como a Bosch. Ela trouxe para a feira o One Smart Spray, que usa câmeras com redes neurais de IA para detectar a presença de plantas daninhas em tempo real e pulverizar apenas os pontos de fato necessários.
A Bayer, outra gigante multinacional do setor, criou o Agri-Copilot, que está sendo chamado de "ChatGPT do Agro". O software, feito em colaboração com a Microsoft, responde de forma intuitiva e personalizada às perguntas dos produtores rurais, tomando por base dados agrícolas e ambientais.
Drones terão financiamento facilitado
Os drones, antes vistos como tecnologia militar do futuro, já são considerados itens essenciais na agricultura em 2024. Com estandes próprios com área e telas de proteção para testes, empresas trouxeram ao Brasil aparelhos especializados no campo, a exemplo do Pandora da Eavision, primeiro drone do mundo que integra pulverização, mapeamento geográfico e elevação de carga.
O financiamento do equipamento se dá através de uma parceria da cooperativa com a Secretaria de Agricultura de São Paulo, que lançou um programa para viabilizar o uso de drones por pequenos e médios produtores. Com boa procura, esses objetos voadores estão no catálogo até de cooperativas de crédito, como o DJI Agras T50, fabricado na China e comercializado este ano pela Coopercitrus.
Outro projeto que tem atendido o agronegócio familiar no setor de tecnologia é o do Desenvolve SP, uma instituição financeira de crédito regulada pelo Bacen, que atua como agência de fomento ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado. Com foco em micro, pequenos e médios empresários (faturamento é de R$ 81 mil até 300 milhões) e atuação também junto a municípios, o Desenvolve SP levou seu time de consultores à feira para apresentar aos agricultores linhas de crédito voltadas a financiamento de projetos sustentáveis, de inovação, de investimentos para máquinas e implementos agrícolas.
O Banco do Brasil, que em fevereiro anunciou investimento na startup Traive, também trouxe recursos para conectar o crédito agrícola a empresas de tecnologia. O projeto com foco no uso de IA era intermediado pelo Programa de Corporate Venture Capital (CVC), de aporte efetuado pelo Fundo BB Impacto ASG - gerido pela Vox Capital. Na Agrishow, porém, outros recursos foram direcionados para atender a demanda, segundo a assessoria do BB.
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